Fanfic Surprise. Segundo Capítulo: Amorzinho

  "There is no one in the world who understands my complications that I faces everyday."

- Dá pra parar de me seguir? - Perguntei irritada, me virando bruscamente para ele que estava atrás de mim. - Você não tem mais o que fazer não?
- Mais do que você imagina. Porém, eu preciso fazer esse trabalho logo. Não posso ser expulso, novamente. - Logan respondeu, no mesmo tom que eu.
- O problema é seu, fofinho. - Provoquei-o. Logan odeia quando eu chamo-o de fofinho e eu odeio quando ele me chama de amorzinho. Não sei exatamente quando esses apelidos surgiram, entretanto lembro-me muito bem que sempre nos irritávamos. Mas é claro, usávamos isso para provocar. Do jeito que eu estava fazendo agora. - Eu posso ir pra qualquer escola dessa cidade. Você não. Afinal, quantas vezes você já foi expulso de outras escolas mesmo?
- Se me tirarem desse colégio por sua culpa, eu acabo com a sua vida. - Ele rosnou, transbordando fúria e eu me encolhi involuntariamente. Deu medo vê-lo daquele jeito, confesso. Fiquei um tempo em silêncio.
- Hoje é sexta. - Falei um pouco baixo, me rendendo. - Então, eu te vejo amanhã, satisfeito?
- Na minha casa?
- Por que na sua casa? Não pode ser em um lugar que tenha pessoas, não? Tipo, eu não me sentiria confortável em um lugar fechado só com você.
- Que frescura. - Rolou os olhos. - Os meus pais vão estar lá, você já os conhece. Esqueceu?
- Como esquecer? - Bufei. - Nossas mães são tão grudadas que dá medo.
- Pela primeira vez na minha vida, eu concordo com você. - Ele sorriu sarcasticamente.
- Uau, que engraçado. Já tentou ser comediante, Logan? Tem talento pra isso. - Fui irônica, depois de um tempo em silêncio.
- Eu já sabia, você ama dizer isso pra mim. - Ele falou, passando por mim e indo em direção ao portão principal da escola. Provavelmente para ir embora para casa, já que a aula tinha acabado a cerca de 10 minutos atrás. - A proposito, vá com a sua lingerie preferida.
- Por que? - Perguntei, tentando assimilar o que o moreno havia dito.
- Bem, eu gostaria de ver se você tem bom gosto para escolher lingeries. E eu adoraria tira-la com os dentes... - Ele respondeu sorrindo e eu tentei correr atrás dele para lhe dar uns belos tapas, mas infelizmente alguém me segurou antes.
- Hey, calma. - Danny disse, enquanto me soltava aos poucos dos seus braços. - Não vale a pena fazer isso por causa do Henderson.
- Você ouviu o que ele disse? Eu juro... Eu juro que mato esse imbecil! - Bufei, tentando me acalmar.
- Já estou vendo tudo. Vocês vão se matar na primeiro oportunidade.
- Daniel, você não está entendendo. Eu vou estrangular esse menino e enterra-lo vivo se ele me estressar!
- Hey cuidado, seu lado psicopata tá aparecendo. - Ele riu. - Quando vão se encontrar?
- Amanhã. - Revirei os olhos. - Na casa dele.
- Você sabe que ele tem segundas intenções, não sabe?
- Claro que sei. Faz muito tempo que eu sabia disso. - Começamos a andar na direção do portão principal. - Mas se ele pensa que vai encostar um dedo em mim, está muito enganado.
- Oi gente, finalmente encontrei vocês! - Ana apareceu sorridente, parando na nossa frente. - Miley... O que o diretor disse?
- Ele pediu pra Miley e pro Logan fazerem um trabalho sobre o outro, entende? - Danny respondeu por mim.
- Sabe, eu preferia ter sido expulsa.
- Cala a boca, Miley. Não vai ser tão ruim assim, o Loggie é um gato.
- Até você, Ana? - Franzi a testa, incrédula e ela riu.
- Bom, garotas... Eu tenho ensaio agora, então já tenho que ir. - Danny se despediu.
- Você ainda acha que essa banda vai dar certo, Daniel? Fala sério, é muito difícil ser famoso hoje em dia.
- Ana, não destrua os sonhos deles! - Repreendi-a.
- Obrigada Miley.- Ele agradeceu sério. - E enquanto a você, Ana, prefiro ficar calado. Se não vou dizer coisa que não deveria. - Ele se virou e foi na direção da sua Range Rover, ligando-a e indo embora em seguida.
- E essa é a minha deixa. - Falei, dando um abraço na minha melhor amiga.
- Antes de ir pra casa do Henderson, me liga ok? - Ela perguntou sorrindo e eu assenti. Entrei na minha BMW preta e fui pra casa, como sempre. Que dia cansativo. Mas ele definitivamente estava longe de acabar, já que agora eu chegaria em casa e teria que conviver com os meus dois irmãos. Tom é mais novo que eu, tem 14 anos. Carlos tem 21 e é um vagabundo que não trabalha e nem estuda. Sua única preocupação diária é ter certeza que está me enchendo o saco. Mas não pense que eu odiava-os, não. Eu os amava, apesar de todas as implicâncias e todo o estresse.
- Como foi o dia de aula? Levou alguma ocorrência? A lista de advertências está em dia? - Carlos disse sorrindo falsamente enquanto eu caminhava pela sala. Parei ao lado da televisão, onde ele assistia algum filme.
- Carlos, vá arrumar outra pessoa para você aborrecer, meu dia já está uma merda. Só finja que eu não estou aqui. - Sai de lá e fui para a cozinha.
- Você precisa de ver sua cara de irritada enquanto falava baboseiras que eu não prestei muita atenção.
- Filho da mãe. - Gritei e ele riu.
- Mãe? Ela não está aqui como sempre. Ela e o papai. - Tom disse, enquanto entrava na cozinha e pegava uma jarra de água e um copo.
- Estão trabalhando?
- Pra variar, sim. - Ele respondeu triste e eu bufei. Meus pais nunca foram muito presentes em nossas vidas. Praticamente eu e os meus dois irmãos moramos sozinhos naquela casa. Minha mãe e meu pai sempre estão viajando, nunca dá atenção para os filhos e isso me deixa profundamente irritada e magoada. Para eles, o emprego vinha em primeiro lugar.
- Então, hoje é sexta, e eu vou chamar o Henderson pra vim aqui. - Carlos disse naturalmente, enquanto eu saia da cozinha e me sentava ao seu lado, com uma latinha de refrigerante na mão.
- Você tá fazendo isso só pra me provocar, né? - Perguntei olhando para ele. Los sabe que nós dois não nos dávamos muito bem, mas parecia não se importar com isso, pelo contrário, rolava de rir das nossas implicâncias. Como a minha vida é medíocre. O garoto que eu mais odeio nesse munto inteiro é o melhor amigo do meu irmão mais velho.
- Mas é claro que não, Miley. - Ele fingiu indignação, o que provocou risos de Tom, que estava sentado em um poltrona. - Hoje é dia de curtir, o que seria mais legal do que jogar um bom videogame com os amigos?
- Sair um pouco dessa casa e arranjar um emprego. Sério, você vai mofar nesse sofá.
- Por favor, não comecem com suas brigas. - Tom pediu, respirando fundo.
- E você, Tom? Não tinha que estar na creche? - Carlos perguntou, rindo da careta que ele fez.
- Agora eu que sou a criança? Você que é o imaturo dessa casa, Carlos.
- Sabe, eu concordo com ele. - Dei de ombros.
- Sou tão imaturo que quando nossos pais não estão em casa, eles deixam todas as responsabilidades para mim. Inclusive, eu fico sendo o chefe dessa casa.
- Ah, cala a boca. - Disse, me levantando e indo na direção da escada. Antes de chegar ao meu quarto, ouvi Carlos gritar:
- Aliás Miley, vou chamar o Kendall também - Parei imediatamente e voltei para o meio da escada, de maneira que eu pudesse ver meu irmão mais velho.
- E o James? - Perguntei. James é um dos três melhores amiguinhos do meu irmão que eu mais me dava bem. Ele é super simpático e atencioso comigo. Além disso, é o irmão mais velho da Ana. Então, se ele fosse vim, ela provavelmente também viria.
- Ele não.
- Por que?
- Não chamei-o ainda, vamos ver. - Carlos me olhou e eu franzi a testa. - O que foi? Ele não me chamou no churrasco que fez na casa dele esses dias!
- Carlos, você estava passando mal! Esqueceu que no dia anterior você ficou tão bêbado que chegou em casa com duas mulheres? - Eu não gostava nem de lembrar-me disso. - Aliás, acho que minha mãe precisa saber que o chefe da casa cometeu essa irresponsabilidade. - Pisquei pra ele.
- Vá em frente, ela nunca esteve nem aí pra mim. Não vai ser por causa disso que ela vai se importar. - Ele sorriu vitorioso e eu bufei, irritada. Aquilo era verdade.
Contrariada e sem dizer mais nenhuma palavra, entrei no meu quarto e bati a porta. Observei minha cama e peguei o travesseiro, abraçando-o com força e respirando fundo.

Carência, sim ou claro?

Em seguida, entrei no banheiro que ficava no meu quarto e me olhei no espelho. E lá estava minha cara de tédio e desânimo, disfarçada com algumas camadas de rímel. Eu já fui mais feliz quando meus pais se importavam comigo. Ou pelo menos fingiam. Porque agora nem tentar fingir que sem importavam eles faziam mais. Contudo, agora realmente não era hora para pensar nisso. Afinal, o chuveiro me espera.
Liguei o chuveiro e relaxei o meu corpo por completo.

[...]

Vinte minutos haviam se passado e eu acabava de desligar o chuveiro. Terminei de fazer tudo o que deveria fazer e vesti uma roupa qualquer, afinal eu não sairia pra nenhum lugar. Nem sair do meu quarto eu pretendia.

Me deitei preguiçosamente na cama e peguei meu notebook. Entrei nas minhas redes sociais e resolvi escutar algumas músicas. A primeira foi Yesterdays, do Guns n' Roses. E depois veio outras, da mesma banda.

[...]

- Amorzinho, abre a porta aqui pra mim? - Ouvi uma voz muito conhecida ecoar do outro lado da porta do meu quarto. Estremeci. Era Henderson, e por um momento, eu fiquei sem reação.

Continua.

* O trecho no início do capítulo é da música Band Aid, da Pixie Lott. A tradução é: "Não há ninguém no mundo que entenda as complicações que eu encaro todo dia".

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