Antigamente eu sabia exatamente o que fazer
- Miley? Está acordada? - Ouvi aquela voz conhecida, enquanto ele abria a porta do meu quarto lentamente.
- O que acha, Carlos? - Sussurrei com ironia, me espreguiçando e desejando ter, pelo menos, mais algumas horas de sono.
- Delicada com uma flor. - Pude perceber que ele rolou os olhos, me fazendo rir. Demorei alguns bons minutos para levantar da cama, só fazendo isso quando lembrei que era sexta, véspera de final de semana. Fui caminhando aos tropeços até Carlos, que apenas me observava com os braços cruzados. Como se fosse o meu pai.
- O que foi? - Ri, me virando até o banheiro. Deixei a porta encostada, escovando os dentes e iniciando minha higiene matinal.
- Não sei se você percebeu mas, está caindo o mundo lá fora e você precisa ir pra escola.
- Ah Los, eu não preciso não! Não vai ter prova, nem matéria nova, não vai ter porra nenhuma! Eu quero ficar aqui, dormindo, quieta na minha. - Sim, eu estava parecendo uma criança de cinco anos fazendo birra, mas tudo era melhor do que acordar 6 horas da manhã pra ir numa escolinha pacata.
Pois é, tem dias que acordo em um imenso mau-humor.
- Larga de infantilidade e se arruma depressa, Miley. Aposto que você não percebeu que acordou atrasada e agora são 6 e meia, né? - Pude ouvir meu irmão rir, e arregalei os olhos. Acabei de escovar os dentes correndo, terminando tudo as pressas e voando até meu closet.
- Merda, merda, merda...
- Ficar resmungando não vai trazer o tempo perdido.
- Caralho Carlos, será que dá pra você parar de encher o meu saco e me esperar lá embaixo? - Gritei, estressada, revirando todas as minhas roupas até achar o bendito uniforme.
- Shi, fala baixo que Tom ainda está dormindo. E estou te esperando lá embaixo, vê se não demora. - Ouvi a porta bater, indicando que ele havia saído e suspirei. Vesti as roupas, fiz a maquiagem que confesso, demorou um bom tempo e desci para tomar café. Estava apenas Carlos lá, sorrindo como se fosse um sábado de primavera. As empregadas corriam para todos os lados, já iniciando seus serviços.
- Quando eu disse para se arrumar depressa, eu não estava falando pra você ficar meia-hora lá em cima.
- Por acaso você foi programado para me irritar hoje? - Bufei, sentando na mesa e vendo que já era sete horas. Eu chegaria atrasada, que ótimo.
- Digamos que não estou no meu melhor dia.
- Por que?
- Amor, Miley. O amor que fode completamente a minha vida.
- Ah, mas se fosse só a sua... - Suspirei, bebendo o leite com achocolatado e tendo um breve pensamento sobre a minha complicada vida amorosa. Assim que eu disse isso, ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu respeitava Carlos, e quem sabe mais tarde, quando o meu humor tivesse mais simpático, a gente conversava sobre isso. Obviamente, eu não era a melhor pessoa para dar conselhos, mas ele era o meu irmão. Chato, irritante, idiota, mas ainda sim o cara que cuidou de mim quando os meus pais não estavam lá para cumprir essa função.
Ele me levou de carro até a escola, em meio à trovões e relâmpagos. Sai às pressas do carro, agradecendo pela carona. Cheguei um pouco molhada até a sala do diretor, porque sim, quem chegava atrasado tinha que ir até lá.
- Só entra no segundo horário, senhorita Jones. - Ele sorriu vitorioso e eu fechei a cara.
- Mas por que? Eu já disse, a chuva está forte demais, eu tive que implorar o meu irmão para me trazer! - Menti um pouco, mas era necessário. E olha, as vezes, eu fazia isso muito bem. Só as vezes.
- Só no segundo horário, não insista! Fazemos isso com todos que não cumprem o horário correto da aula! Está mais do que claro, que as...
- As aulas iniciam ás 7 horas em ponto, de acordo com o horário correto da capital e blablablá... Eu já sei! - Repeti tudo o que ele diria, com cara de tédio. Will é completamente previsível.
- Se sabe então, por que insiste?
- Okay, Okay. Não insisto mais, eu nem queria estar aqui mesmo... - Resmunguei, me levantando. O diretor me olhar com repreensão, mas eu nem liguei, sai da diretoria, louca pra ir pra sala de aula naquele frio e dormir por lá mesmo. Bufei, vendo a chuva forte cair com agressividade, molhando toda a grama e a quadra de vôlei. Sentei-me em um dos bancos da área perto de biblioteca, onde não corria risco deu molhar. Apoiei meu queixo na mão direita, mochila sobre o meu colo. Estava tudo calmo, por incrível que pareça não tinha ninguém gritando e implorando para não ligar para os pais, ou tomar uma suspensão. Eu estava quase considerando a hipótese de dormir por ali mesmo, mas algo me chamou a atenção. Um garoto alto e magro descia as escadas, e só quando ele estava nos últimos degraus, reconheci quem era. Luke estava com os cabelos loiros bagunçados, uniforme mais largo e calça jeans preta. Ele estava indo em direção a um dos bebedouros e eu fiquei observando-o. Eu não podia negar que ele era lindo, porque era. Mas, depois de ter ouvido aquele relato de Logan, fiquei completamente surpresa com a personalidade dele. Luke não tinha cara de ser tão infiel, egoísta, imbecil como foi. Eu sei, estou julgando-o apenas com o que ouvi mas, defender Logan era mais forte que eu. O fato era que tudo vindo dele, era maior do que meus sentimentos, e aquilo já estava começando a me irritar.
Luke acabou de beber água e olhou pra mim. Me senti incomodada com seu olhar tão direto, mas não desviei. Ele sorriu abertamente e eu acenei levemente com a cabeça, vendo-o subir as escadas, ainda me olhando. Assim que ele tinha sumido, suspirei, fechei os olhos e finalmente, ouvi o sinal bater.
[...]
- Miley? Será que dá pra você me escutar? - Era a voz de Ana me tirando daquele sono profundo. Eu apenas bufei, levantando o rosto para encara-la.
- Caramba, o que foi?
- Você já está à duas aulas dormindo feito pedra, garota! Agora é o intervalo, vamos.
- Pode descer, vou ficar aqui. - resmunguei, fechando os olhos mais uma vez.
- Meu Deus, que sono é esse que baixou em você e não quer sair mais? - ela riu e eu mostrei a língua, quase gritando para ela me deixar em paz. - Vamos logo. Ah, e o Loggie quer falar com você.
- Logan? - Franzi a testa, fitando-a. A sala estava completamente vazia, a as risadas e gritarias lá de baixo podiam ser claramente ouvidas. - O que ele quer comigo?
- Eu não sei. Só disse que precisava marcar um negócio contigo, pra fazer outro negócio que eu não faço a mínima ideia do que é.
- Ah sim. O trabalho. - Suspirei, me levantando. Fomos andando pelo corredor, prontas para descer as escadas. - Não fizemos absolutamente nada até hoje.
- Nem uma perguntinha?
- Nem uma. - Afirmei, chegando até o refeitório e vendo aquele tanto de gente. Não estava a fim de comer nada, então apenas sai de lá indo até a área descoberta, que era grande e toda gramada, árvores e algumas flores muito bem cuidadas, as vezes por alunos, ou pelos funcionários. Tinha alguns bancos, mas tivemos que sentar onde era coberta, pois os outros estavam molhados devido a chuva de mais cedo. Sentei-me ao lado de Daniel, que comia uma maçã e observava alguma coisa distraidamente. Ana sentou ao meu lado. Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, sem importância. Até porque eu estava cansada demais para pensar em qualquer coisa que não seja realmente importante. Danny contava algumas piadas, totalmente sem graça, claro, mas eu ria. Não era legal quando deixávamos ele sem graça.
- Miley? Preciso falar com você. - Uma voz séria disse enquanto eu tentava ler um livro qualquer, e eu levantei a cabeça, vendo ele. Suspirei, fechando o livro com uma certa força que não era necessária, mas eu não pude evitar.
- O que foi, Logan? - Perguntei calmamente.
- Como assim o que foi? Esqueceu que temos um trabalho pra fazer, amanhã? - Ele pareceu impaciente e eu assenti, me levantando, ainda meio contrariada. Desde a segunda, não tínhamos conversado direito, então nem marcamos nada sobre esse tal trabalho.
Eu seguia ele que andava pra perto de uma árvore, onde havia um banco grande e marrom embaixo. Sentamos lá e eu me virei para Logan, que olhava algum ponto que eu não sabia onde era.
- E então...? Bem, eu disse que podia ser na minha casa.
- É, fazemos na sua casa. - Ele deu de ombros, ainda não dando atenção pra mim. Respirei fundo e tentei ignorar sua indiferença.
- Que horas pode ser pra você?
- Você que escolhe a hora. - E novamente, Logan não estava dando a mínima para o que eu falava.
- Qual é, Henderson? Você me chama aqui para resolver sobre esse trabalho idiota e responde as coisas com essa indiferença? - Surtei e fiquei olhando-o, esperando uma resposta. Logan apenas suspirou por um longo tempo, e virou lentamente o rosto pra mim. Fiquei séria, fitando-o e ele franziu o cenho, como se quisesse dizer algo.
- Então você virou mesmo amiguinha do Luke? - Ele perguntou com extrema ironia, dando um risinho no final. Dizer que aquilo não me deixou surpresa, seria completamente mentira. Franzi a testa, tentando encontrar as palavras certas para responder. Como ele sabia disso? Ou melhor, por que ele acha que somos amigos? Só nos falamos uma vez, na segunda-feira, e ainda foi coisa de escola. Será que ele pensa que, sei lá, temos alguma coisa? E a pergunta que mais rodava na minha cabeça: Ele estava com ciúmes?
- Não exatamente. Só conversamos uma vez e...
- Por que você está conversando com ele, Jones? Logo com ele? - Agora ele estava bravo, e eu precisei engolir em seco antes de continuar.
- Foi só trabalho de escola, Henderson. Ele precisava de um par, então... eu me ofereci. - Era mentira, porque eu não me ofereci coisa nenhuma. Ele que me pediu. Loggie ficou me olhando por um longo tempo, depois virou-se para frente, olhando o movimento. Mordi o lábio inferior, sorrindo com um pouco de sarcasmo quando fiz a seguinte pergunta. - Por que está perguntando? Por acaso está com ciúmes?
- Ciúmes? - Ele gargalhou por alguns segundos, como se aquilo tivesse sido a coisa mais engraçada que alguém poderia ter dito. - Mas é óbvio que não. Só não quero que você, logo você, se junte com aquele imbecil. Rezo para que ele fique sozinho nessa escola. Ele merece. - Logan murmurou e eu senti uma raiva, ao mesmo tempo, decepção, crescer dentro de mim. Me levantei com rapidez e parei em sua frente, braços cruzados com força. Logan levantou a rosto para olhar pra mim.
- Tá legal, Henderson. Amanhã, duas horas da tarde, você chega lá em casa. E pelo amor de Deus, vê se leva o que precisa pra fazer esse maldito trabalho.
- E o que...
- Sei lá, um caderno, alguma coisa pra você anotar as respostas - interrompi-o, já sabendo o que diria. - E o papel aonde anotou as perguntas.
- Acontece que eu perdi esse papel. - Ele sorriu.
- Então só vá no horário certo. Ou eu te mato. - Me virei, sem esperar por respostas, irritada demais para ouvir algo. Saber que Logan ia na minha casa me fazia ter uma certa felicidade por dentro. Mas eu não mostraria isso. Não mesmo.
[...]
Sábado. Já era meio-dia quando Carlos veio aos berros me acordar. Sim, ele ama fazer isso. Eu estava escolhendo uma roupa legal, assim que terminei minha higiene. Eu queria uma roupa que me deixava bonita mas que não parecesse que eu estava me arrumando para receber um idiota como o Henderson. Resolvi pegar um short claro de cintura alta, e uma camisa de banda qualquer.
Desci as escadas, tomei café que demorou cerca de meia-hora e olha só, já era uma da tarde. Tom anunciou que iria sair, ir em alguma coisa sobre gibis que eu não tive o menor interesse de saber o que era, mas sorri e mandei ele se divertir. E ficou apenas eu e Los na casa. Ele subiu para seu quarto, provavelmente para jogar videogame ou conversar com alguém pelo computador. Resolvi deitar no sofá da sala, assistir um filme qualquer. Acabou que eu peguei, já no meio do filme, Invasão à Casa Branca.
[...]
- Miley, Logan Henderson está aqui, deixo entrar? - Um dos seguranças perguntou e eu sorri, apertando mais o interfone nas mãos.
- Sim, pode deixar. - Respondi e ele assentiu, desligando. Eu respirei fundo, desliguei a televisão e olhei o relógio. Era 14h30m. Ele tinha chegado atrasado, espero que isso tenha servido para alguma coisa.
- Boa tarde, minha querida. - Seu tom irônico me fez revirar os olhos e eu me virei para ele, forçando um sorriso nada convincente.
- Oi pra você também, Logan. Entra logo. - Sentei-me no sofá e chamei-o com a cabeça, e assim ele veio sentando desleixadamente no outro sofá da sala. - Vamos começar o trabalho?
- Mas já? - Ele riu. - Calma, acabei de chegar.
- Ah é, e o que você quer fazer?
- Hm... Você tem cerveja?
- Logan, larga de ser idiota. Não tenho cerveja não, e mesmo que tivesse, você não veio aqui para isso. - Resmunguei, pegando os cadernos que repousavam em cima da mesa. Mas antes de abri-los, escutei a risada forte do garoto, então olhei-o com raiva.
- Esqueceu que eu sou amigo do teu irmão, Miley? Eu sei que tem cerveja na geladeira, então, se me der licença... - Ele ia se levantando, mas eu fui mais rápido e mandei-o se sentar em um grito. Logan me olhou confuso, e eu parei na frente dele, me agachei um pouco para ficar na altura dos seus olhos e rosnei aqueles palavras com tédio e raiva.
- Você veio aqui em casa para fazer esse maldito trabalho que a gente já devia ter feito a muito tempo, então Logan, pare de agir como um moleque e para com essas suas gracinhas até que a gente acabe essa merda.
Logan não disse absolutamente nada, apenas revirou os olhos e bufou, com nítido tédio. Me distanciei e vi-o se sentar no chão, encostado na mesa de centro. Fiz o mesmo, de lado, e peguei os papeis, arrumando e organizando para que começássemos o trabalho. Algum tempo depois, e sai do meu transe quando vi uma blusa sendo jogada pro meu lado. Olhei rapidamente para Henderson, que estava distraidamente ajeitando os cabelos. E detalhe: Ele havia tirado a camisa. Engoli em seco e lutei contra todas as minhas forças para não ter um surto de hormônios diante disso.
- Quantas perguntas são? - Ele perguntou naturalmente, como se não estivesse sem camisa e com aqueles belo músculos a mostra pra quem quisesse observar. Sim, eu já tinha visto aquilo, eu já tinha tocado, já tinha arranhado... Mas sempre causava o mesmo efeito em mim.
- Eu não sei. - Respondi sem pensar e ele me olhou com a testa franzida, mas logo deu de ombros e se aproximou. Entreguei-lhe um caderno, um lápis e uma caneta. - Anota primeiro as perguntas, okay? E depois a gente copia as respostas.
- Fazer o que, né. - Ele resmungou e eu fingi não ter escutado, prestando atenção nas perguntas que deviam ser copiadas. Eram muitas. E mais uma vez, rezo para que a gente termine hoje mesmo. Ficamos uns dez ou mais minutos copiando aquilo na folha que seria entregue ao diretor. E quando acabamos, eu suspirei e olhei para Logan, que já me fitava parecia fazer um pouco de tempo. Fiquei levemente corada e pigarreei.
- Então... Vamos começar? - Perguntei com a voz fraca e ele coçou a nuca.
- Vamos.
- Okay. Primeiro pergunta. - Respirei fundo, meio envergonhada e peguei o papel com as duas mãos. - Que dia você faz aniversário?
- Ah, sério? - Logan riu. - Vai me dizer que você não sabe?
- Hm.. - Fingi estar pensando, mas acreditem, eu sabia sim aquela data de cor. - 14 de... Setembro?
- Obviamente. - Assenti com a cabeça e copiei a resposta na folha. - E você?
- Adivinha. - Rolei levemente os olhos, irônica.
- Cara, é sério, eu não sei.
- 28 de dezembro. - Murmurei e ele anotou em sua folha, indiferente.
- Tá legal... Qual seu estilo musical preferido? - Ele leu a segunda pergunta e fez cara de deboche, e eu ri. - Fala sério, nem preciso perguntar. Já está na cara com essa blusa do Iron Maiden. - Vi que ele anotava "rock" na resposta e assenti, rindo mais um pouco.
- O seu também é rock, certo?
- Sim. E eletrônica também, pode colocar ai. - Assenti, anotando tudo. Suspirei, achando que aquilo estava até mais legal do que eu pensava.
- Tudo bem. Pergunta... 3. Se pudesse escolher um objeto para presentear o seu amigo, qual seria? - Li e franzi a testa imediatamente, tendo que ler aquela questão mais uma vez, em silêncio. - Espera... O que?
- Não acredito que Will foi tão tosco de elaborar essa pergunta. - Ele riu, coçando a nuca e eu sorri com desânimo, tentando não ficar envergonhada. Fala sério, o que eu ia responder? Que tipo de pergunta mais escrota era aquela, gente?
- An... Tudo bem. Um objeto que eu te daria... Hm... - Fiquei pensando por um longo tempo, e ele apenas me observava curioso. - Um medidor de ego.
- Um medidor de ego? Que porra é essa, Miley? Isso nem existe!
- Foda-se, mas seria algo que eu te daria. Quando você estivesse metido demais, ele apitava e fazia alguma coisa pra ver se você abaixava seu facho. - Brinquei e Logan revirou os olhos.
- Isso é sério.
- Mas Logan, eu não sei o que responder!
- Sabe o que eu te daria? - Ele perguntou e eu neguei rapidamente, completamente maluca para saber a resposta. Ele fez um breve suspense e riu um pouco antes de falar. - Uma lingerie. Sabia que é bem broxante você ir pra cama com uma garota usando lingerie bege?
- Henderson, não era você que estava querendo levar isso a sério? - Gargalhei, me divertindo com aquilo.
- Eu estou falando sério, amorzinho! Vou anotar aqui. Eu te daria uma lingerie vermelha de renda. Tipo aquela daquela vez que nós transamos. - Ele disse sem receio, como se fosse a coisa mais normal de ser dita e eu parei de rir na hora. Engoli em seco, me lembrando da vez que ele mencionava e não disse nada, apenas vi ele anotando aquilo mesmo. O diretor ia nos matar, mas eu também anotei aquele tal medidor de ego. Estava sem cabeça para pensar em qualquer outra coisa melhor.
- An... Anote suas três preferidas músicas do celular do teu amigo. -Murmurei e nós dois pegamos nossos celulares, passando para o outro. Rapidamente, fui até as músicas de Logan, achando uma variedade de bom gosto. Ele tinha excelente gosto musical, isso com certeza não era novidade alguma. Ia de Michael Jackson até Led Zeppelin. Tinha Guns n' Roses, Iron Maiden, David Guetta e mais um turbilhão de bandas e cantores. Sem dúvidas alguma, seria extremamente difícil escolher apenas três músicas.
- Caralho, você tem quase o mesmo gosto musical que eu! - Logan sussurrou e eu ri, assentindo.
[...]
- Quais músicas você escolheu? - Perguntei, assim que vi-o acabando de anotar. Já tinha passado alguns minutos, aonde a gente ficava na completa indecisão para escolher apenas três canções.
- Do I Wanna Kknow?, do Arctic Monkeys. Still Loving You, do Scorpions e Girl, dos Beatles. As letras são... lindas. - Ele disse aquela última frase em um sussurro, seus olhos intercalando entre meus olhos e minha boca. Não era porque eram boas músicas que ele havia escolhido, de alguma forma, eu sabia que era muito mais do que aquilo. Era a letras daquelas músicas, as letras que muitas vezes definiu a nossa situação. Pelo menos eu acreditava nisso.
- São realmente lindas. - Sorri e pigarrei de leve, antes de responder. - As minhas são I Don't Wanna Miss a Thing, do Aerosmith, Time Running Out, do Muse e I Love You, da Avril Lavigne. - Eu disse aquelas palavras com bastante emoção, pra ele entender bem que aquelas letras significavam algo pra mim.
- Mas... eu não tenho Avril Lavigne no celular. - Ele sussurrou, sem quebrar o intenso contato visual.
- Não tem problema. Eu gosto dessa música. E o diretor nem vai saber, então... - Sorri e ele engoliu em seco. E eu já sabia o porquê. A música se chamava I Love You, quer indireta mais direta que essa?
- Tudo bem... Pergunta 5. - Ele pareceu meio desconcertado, lutando para prestar atenção no papel. Me senti vitoriosa. - Escolha uma frase que defina seu amigo.
- Poxa, tem tantas... - Entortei a boca, pensando em algo para falar.
- Pra você... Eu não sei. Talvez a garota que se disfarça de forte, mas...
- Você me acha fraca? - perguntei com indignação, interrompendo-o imediatamente. Logan me olhou, sério.
- Você já sabe a resposta Miley, acho que não preciso dizer nada.
- Está insinuando que eu sou fraca, então? Que eu não sei lidar com os meus sentimentos? - Ri com ironia, muito nervosa. Logan revirou os olhos.
- E não é verdade? Não mente pra mim, Jones. Você não consegue.
- Para de ficar jogando isso na cara, Logan! Você é mesmo um convencido, não? Acha que pode ficar jogando as minhas fraquezas na minha cara...
- Miley, para. - Ele pediu pacientemente, me interrompendo, mas eu não iria parar por ali. Eu tinha me revoltado, não porque Logan disse alguma merda, aquilo realmente era verdade. Mas sim porque eu não queria que ele soubesse, que eu sou tão fraca perto dele. Com ele. Que eu não consigo negar quando ele me beija, ou quando me provoca.
- Você vai escutar, Logan! O que foi? Você não pode ficar me tratando assim, eu nem sei porque não neguei nas vezes que você me provocou! Não sei porque deixei tudo aquilo rolar na pizzaria, o começo de toda essa merda...
- Miley...
- Henderson, você acha que eu gosto disso? De sempre responder sim quando você tá por perto? O seu ego sempre aumenta quando você consegue o que quer e... - Eu ia falar mais um monte de coisa, ia desabafar, ia falar tudo. Mas isso não foi possível. Porque Logan me interrompeu, e dessa vez não foi com palavras. Ele se aproximou rapidamente, e me calou com um selinho. Um selinho que eu não recusei, eu apenas fiquei de olhos abertos, assustada e talvez até agradecida. Porque eu sabia que ia começar a falar tanta merda, que me arrependeria depois.
- Vai ficar calada agora? - Ele sussurrou, de olhos fechados, roçando seus lábios na minha boca. Fiquei um tempo em silêncio, engoli em seco, e respondi.
- Tudo bem, eu vou. - Sussurrei de volta e ele riu de leve, se distanciando e me olhando com diversão. Sinceramente, eu ainda não conseguia olhar diretamente em seus olhos, então apenas peguei a folha que li a pergunta 6. Essa 5, a gente inventaria alguma coisa depois.
[...]
As 12 perguntas já haviam sido respondidas, faltava apenas mais uma vez. Elas eram perguntinhas idiotas, como, qual animal preferido, um lugar que gostaria de ir, o melhor dia da sua vida e essas coisas... Nada que aproximasse a gente, e muitas vezes, nada do que eu já não sabia. Desde o selinho, eu me senti meio distante dele, e sabe por que? Vergonha. Mas ok, depois de tantas perguntas assim, que demorou um bom tempo, eu já estava... me soltando.
- Última pergunta! Glória! - Comemorei com empolgação e ele sorriu, assentindo.
- Finalmente. Depois de um bom tempo, a gente conseguiu terminar isso.
- É. - Organizei minhas folhas, pronta para fazer a última pergunta. - Vamos lá, pergunta 13. - Li animada, mas assim que li o que era, minha cara se fechou. Eu fiquei nervosa, e com uma vontade imensa de matar aquele diretor. - A pergunta... Bem, na verdade não é uma pergunta. Está assim... Marque um dia para cada um levar seu amigo para um lugar que gosta.
- O que? - Ele pareceu surpreso, tanto como eu.
- É... é isso mesmo. Olhe. - Logan pegou o papel da minha mão e leu, depois bufou, leu novamente, bufou novamente. Eu fiquei séria, fitando, esperando que ele falasse alguma coisa, porque eu não sabia o que falar. Aquilo não era drama da nossa parte. Ana, por exemplo, iria me falar "Vocês se gostam, não tem como negar, se casem, tenham filhos, para de frescura, para de fingir que se odeiam e blablablá". Acontece que não é bem assim. Eu amo o Logan, sim - por mais que eu odeie isso - mas e ele? Ele não me ama. - Vou falar com o Will. Já tivemos que gastar a tarde toda de sábado fazendo essa porra de trabalho, ele ainda quer que a gente saia? O que ele espera? Que a gente se resolva, e vá jantar como dois amiguinhos felizes?
- Eu não sei. - Murmurei, abaixando a cabeça, brincando com a barra do meu short. Aquele seu ataque me deixou triste. De verdade.
Ficamos um tempo em silêncio, até eu ouvi-lo respirar fundo. Henderson pegou suas folhas, dobrou sem jeito e guardou no bolso da calça. Se levantou, pegou sua camisa jogada no chão e vestiu-a.
- Eu já vou, já acabamos mesmo. A gente fala com o Will segunda, pra ver se resolve isso. Manda um salve pro seu irmão. - Ele disse e foi em direção a porta. Eu apenas assenti coma cabeça, escutando o barulho da porta se fechando. Me joguei no chão, olhando pro teto, pensando naquela tarde. Eu fiquei sabendo muita coisa dele, ele ficou sabendo muita coisa de mim. Tive um surto, e senti seus lábios macios no meu. Nossa. E ainda vamos ter que levar, um ao outro, para um lugar que goste. Porque eu sei que Will não vai fazer nada, ele quer que a gente se resolva. Me levantei, pronta para tomar um banho e parar de ficar pensando tanto no Henderson. Afinal, amanhã era dia de trabalho com uma outra pessoa ai.
Continua.
* A frase o início do capítulo é da música Terras de Gigantes, do Engenheiros do Hawaii.
Desculpem pela demora, acredita que eu acabei de terminar esse capítulo? Tava sem inspiração, mas FINALMENTE ele está ai pra vocês!
Então, let's go! Comente, divulguem bastaaaante pra mim porque eu preciso. Ou se não, não vou ter força de vontade pra continuar a fic, né? Então, quem leu e gostou, comenta, por favor! E que já comentou, OBRIGADAAAA, gatas <3
Até!
Continuaaaaaaaaa...
ResponderExcluirCooontinuei!
ExcluirContinuaaaaaa tá muito perfeito mds
ResponderExcluirCoontinuei linda, obrigada! <3
ExcluirLogan com ciúmes da Miley,hmmmm....
ResponderExcluirEnfim,CONTINUAAAAAAAAAAAAA LOGO!!!!
Bjos,menina diva<3
Hahaha, vamos ver no que vai dar! Coooontinuei, amoor <3 Bjão!
Excluireu sou leitora nova e sua fic é perfeita!!! eu nem sou fã mas adorei o jeito que vc escreve então por favor moça posta logo <3 preciso da continuação
ResponderExcluirHahaha, que amor <3 Muito obrigada por isso, é ótimo saber que você está gostando, mesmo nem sendo fã. Cooontinuei, linda!
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