Fanfic Surprise. Vigésimo Capítulo: Um Novo Amigo.

I think I like you

 Era domingo. Eu acordei, fiz tudo que deveria fazer como todos os domingos da minha vida, e só então quando estava sentada no sofá, assistindo The Big Bang Theory, cerca de meio-dia, lembrei-me de um fato. Eu e Luke faríamos o trabalho sim, mas como? A gente não marcou o local, nem hora, e eu não tenho o celular dele e adivinhem: ele também não tem o meu.
- Puta que pariu. - Resmunguei baixinho, passando a mão pelo rosto, dando conta do quão idiota eu fui. Eu não sabia nada sobre ele, como a gente ia marcar isso? - Ah, que ótimo Miley, você foi tão burra que nem se lembrou que pra marcar as coisas com uma pessoa, precisa do telefone dela, ou de alguma informação pra saber onde ela tá!
- O que foi My, resmungando sozinha novamente? - Ouvi a voz de Tom, com um resquício de diversão e  respirei fundo, andando de um lado para o outro, naquela sala. O meu irmão sentou-se, rindo de mim.
- Não enche o saco, Tom.
- É sério, o que aconteceu?
- Preciso fazer trabalho com menino.
- E...
- Não tenho o telefone dele, não sei na onde ele mora, muito menos sei o Facebook dele ou algo do tipo. - Me joguei no sofá, bufando, apenas para ouvir o mais novo rir da minha cara com vontade.
- Que idiotice, cara. As vezes eu acho que você não é minha irmã de sangue.
- Ah é, como se você fosse... - Fui interrompida pelo telefone tocando, e sem paciência para esperar alguém vim atender, eu fiz isso. Suspirei. - Alô?
- Alô, eu gostaria de falar com a Miley.
- Ahn... É ela mesmo. - Franzi a testa.
- Ah, Miley! Sou eu, Luke. Então, lembra que a gente comb...
- Espera. Como você sabe o meu telefone? - Se a minha expressão estava confusa, pode ter certeza, a minha cabeça estava mais. Tentei, de todas as formas possíveis, lembrar de algum momento que passei meu número para ele. Será que fiquei bêbada e não sabia?
- Bem, eu pedi ao diretor que me desse o número da sua casa, para marcamos de fazer o trabalho. Desculpa, achei que você não se importasse.
- Pois é, mas eu me importo. Não é como se eu gostasse do diretor sair passando meu telefone para todo mundo. - Fui ríspida e Tom me repreendeu, pedindo para que não fosse grosseira. Mas fala sério, desde quando diretor tem autoridade pra fazer isso? Além do mais, todo mundo sabe que eu tenho um certo "pé atrás" com ele, né.
- Me desculpa, Miley, de verdade. - Ele pareceu arrependido. Suspirei.
- Tá, tudo bem.
- Mas a gente vai fazer o trabalho, né? Por favor, eu preciso de você.
- Sim, vamos fazer. Hm... Pode ser ás duas?
- Claro! Pode ser aqui na minha casa, se você quiser. - Ele respondeu e eu assenti, pedindo para que ele me falasse na onde morava. Anotei tudo numa folha e disse que duas da tarde estaria lá. Luke se despediu com simpatia e eu desliguei o telefone, apenas para ver um olhar de repreensão de Tom, por não ter sido suficientemente educada com o loiro. Foda-se. Subi as escadas e fui até meu quarto, louca para ver as novidades nas minhas redes sociais.

[...]

 Olhei meu relógio e fiquei orgulhosa por ter me arrumando, sem atrasar. Era 13h30m e eu me olhei no espelho, dando os últimos ajustes na produção.

 Desci as escadas rapidamente, pegando as chaves do meu carro que, aleluia, já estava em perfeitas condições. E nenhum pneu furado, obrigada!

- Está indo pra onde, mocinha? - Carlos apareceu com expressão de confusão, mordendo uma maçã verde. 

- Vou fazer trabalho na casa de um amigo. 

- Ai meu Deus, Logan de novo? Por que não assumem logo esse caso de vocês?

- Porque você está viajando, e porque não tem porra de caso nenhum. Não é com o Logan, é com um garoto novo da escola, o Luke. Ele quer...

- Espera ai, My. Luke de quê? - Ele pareceu surpreso e eu fiquei mais surpresa ainda. 

- Ué, Luke Hemmings. 

- Ah não, não creio. - Ele bateu palmas com força, balançando a cabeça e rindo com ironia. Estava nervoso, se o conheço bem. - Você está saindo com aquele filho da puta, My?

- Ah, eu já deveria saber que TODO mundo já sabia daquela história dele com o Logan, menos eu. Pra variar um pouco, né? - Rolei os olhos. Será que eu era a última a ficar sabendo das coisas por ali? Ou ninguém me contava nada mesmo?

- Ficou sabendo dessa história, então? E não percebeu o imbecil que ele é?

- Carlos, eu concordo que ele agiu completamente errado, mas vocês tratam o Luke como se ele tivesse cometido um assassinato!

- Ah Miley, você realmente não sabe de nada mesmo... - Ele passou as mãos pelo rosto e eu franzi a testa, mordendo o lábio inferior. Querido Luke, você vai me desculpar, mas acho que vou chegar um pouco atrasada. Preciso saber o significado daquilo tudo.

- O que você quis dizer com isso, Carlos?

- Nada, Miley, nada. Agora vai lá fazer esse trabalho logo. E me liga quando sair de lá.

- Espera, o que? Te ligar... Como assim? Por favor, me explica! - Implorei, e ele negou, me obrigando a implorar mais, como uma criancinha. Curiosa é meu sobrenome.

- My, para com isso, tá legal? Não tem nada pra te explicar, só acho ele imbecil e nunca fui com a cara desse garoto! Ele mexeu com meu amigo, afinal. Agora vai logo, quero você aqui antes de escurecer.

- Antes de escurecer, Carlos? Que porra é essa, você nunca foi de pedir isso!

- Miley, pelo amor de Deus, CALA A BOCA E VAI LOGO! - Carlos gritou comigo e eu pensei em revidar, gritar de volta e sair berrando que ele não era meu pai para falar aquilo. Mas, me mantive firme, sem dizer uma palavra, apenas fechei a cara para meu irmão e sai dali as pressas, mostrando o quanto estava com raiva dele. Carlos não me dava essas ordens, nem gritava comigo pra chegar antes de escurecer, nem nada daquelas merdas que ele disse.

 Tentei esquecer do seu surto, talvez não fosse seu melhor dia, talvez ainda sofresse por amor, como ontem. Aliás, Los ficou o dia todo no quarto, sabe-se lá fazendo o que.

 Dirigi com calma até o endereço de Luke, tendo que perguntar para uma ou duas pessoas alguma coisa que eu não sabia. A casa dele era longe, sim. E eu demorei uns bons minutos para chegar.

[...]

 Parei meu carro, saindo dele e vendo a casa a minha frente, completamente diferente da minha. Não era uma mansão como a de Logan, ou como a minha. Era de dois andares, de um tamanho razoável, e de um verde bem escuro. Não tinha um jardim com flores de diversos tipos, ou árvores muito bem cuidadas e aparadas, e sim grama, que até estava meio marrom. Talvez possa parecer loucura, mas eu achei aquela casa bem linda. Não era bem cuidada, pelo menos não na frente, mas era bonita, ao meu ponto de vista.

 Toquei o interfone, aguardando ansiosamente para que alguém me atendesse. Era 14h20m, e eu fiquei meio frustada por ter chegado atrasada. Era a primeira impressão que ficava, certo? E a minha talvez não seria de uma pessoa pontual.

- Oi, Miley! Pensei que não viria mais. - Era Luke, com uma blusa do Misfits e calça preta, que eu não pude deixar de notar. Sorri fraco, assentindo.

- Pois é, eu atrasei um pouquinho, meio que sem querer.

- Tudo bem, sem problemas. Venha, entre. - Ele deu espaço para que eu entrasse e assim fiz. Observei o interior da casa, meio que esperando que ela fosse escura e mal cuidada, assim como a frente, mas não. Era clara, em um tom pastel, completamente cuidada, tudo em seu devido lugar, tudo limpo. Fiquei um bom tempo observando sua sala, a TV ligada no Animal Planet me fez sorrir, juntamente com as xícaras com chocolate quente que eu podia sentir o cheiro de longe. Ele era completamente diferente do Logan, constatei. Enquanto Luke assistia a vida dos animais e tomava bebidas quentes, Logan assistia filmes idiotas e se enchia de cerveja e bebidas alcoólicas.

- Ah, vou fazer um chocolate quente para você. - Ele disse, indo até o que eu julguei ser a cozinha, e eu fui seguindo-o, meio sem jeito.

- An... Luke, bebida quente com esse calor? Isso é para o inverno, sabe, frio. - Ri e ele me acompanhou, colocando o leite com maizena em uma caneca roxa escuro.

- Eu não me importo com estações, na verdade. Essa é uma das minhas bebidas preferidas.

- Você não bebe? Sabe, cerveja, vodca e essas coisas...? - Perguntei, vendo-o terminar de colocar o chocolate em pó e esquentando no microondas. O loiro se virou pra mim, sorrindo.

- Sim mas, pouquíssimas vezes. Não sou fá de ficar com ressaca, entende?

- Olha, eu entendo muito bem o que é isso.

 Ficamos conversando mais um pouco, sobre com que frequência ele ia nas festas, se ele saia muito... Na verdade, estávamos esperando o meu chocolate esquentar. E eu constatei que Luke era mais caseiro, e talvez isso até era uma qualidade. De qualquer forma, eu gostei bastante dele, mesmo com aquelas história toda dele relacionada ao Logan. Ele não me parecia o que eles falavam, não mesmo.

- Toma, espero que goste. - Hemmings disse, me entregando a xícara. Bebi um pouco, e olha, ele sabia mesmo fazer isso. - Já fez?

- Sim. Mas acho que coloquei maizena demais. - Rimos. Então, fomos até a sala, e ele colocou em um canal qualquer de filme, porque senti que ficou meio sem graça em estar assistindo coisas "educativas". Mas eu achei fofo.

- Então, sobre o que é o trabalho? 

- Você não sabe? - Ele me perguntou, e eu me lembrei que ele não me conhecia muito bem.

- Ah, na verdade, eu não ligo muito para trabalhos, o meu foco é provas mesmo.

- Ah, entendi. Já eu, tenho que agarrar todas as oportunidades de ganhar nota, já que preciso. - Ele sorriu e eu assenti.

- Mas você tem cara de inteligente. - Tentei dizer algo que presta, e Luke apenas me olhou com ironia. - Tá legal, você tem cara de que manja em colar dos outros.

- Exatamente... Não, mentira. Tô brincando.- Ele riu e eu acompanhei. Pegamos nossos cadernos, para fazer o tal trabalho de Ciências. A matéria era sobre Sistema Nervoso. Eu até gostava disso, prestei atenção quando a professora explicou e portanto, seria fácil fazer esse trabalho. O que me causava tédio mesmo era as 20 questões que ela passou para acharmos as respostas. 

- Essa professora de Ciências... Não sei o nome dela. Mas ela me parece muito exigente, e minha opinião só reforçou depois desse trabalho enorme.

- É, no começo ela vai parecer assim pra você mas, acredite, hoje eu não me importo mais. Durmo em quase todas as aulas dela.

- Como consegue passar de ano? - O loiro junto as sobrancelhas, e eu ri.

- Sempre fico de recuperação, aí estudo como condenada. E passo. Já virou um ciclo pra mim, entende?

- Bem... Na verdade eu não entendo não. - Ele fez cara de confuso e eu ri.

- Tudo bem, você não tem que entender.

 Fomos, então, fazer o trabalho sobre Sistema Nervoso, pesquisando no meu iPhone e no celular do Luke, as respostas. Eram grandes e complicadas de achar, por isso, ficamos mais de uma hora fazendo o trabalho. E assim que terminamos, estávamos exaustos. Eu não queria ouvir sobre nada daquilo por pelo menos um mês. Sério.

- Nunca pensei que diria isso mas... Odeio ciências. - Ele sussurrou e eu gargalhei. Era engraçado, porque parecia que ele estava se desvirtuando. A questão é que eu notei que Luke era meio nerd, gostava de estudar e era bem inteligente.

- Acho que danifiquei alguma parte do meu cérebro de tanto estudar esses esquemas aí.

- Estudar nunca danifica o cérebro Miley, muito pelo contrário. - Sorriu amigavelmente e eu fitei-o, séria. - Tudo bem, o que acha de um lanche da tarde?

- Nunca dispenso comida, Luke. - Ele riu e eu mordi a língua, já me levantando. O garoto me acompanhou, e nem dando-me conta que talvez estava sendo atrevida, fui até a cozinha e me sentei em cima do balcão, apenas para ouvi-lo rir.

- Você é completamente espontânea, Miley. Eu adoro isso em você.

- Eu sou abusada, isso sim. - Mostrei a língua. Ele começou a tirar algumas coisas dos armários, mas eu não questionei nada. Apenas ficava observando-o.

- É sério. Gostei muito de você. Acho que podemos ser grandes amigos, né? - E eu não consegui dizer nada, porque era como se um tijolo tivesse atingindo em cheio a minha cabeça. De repente, comecei a lembrar das frases ouvidas sobre a personalidade de Luke.

"E quando eu estava em casa, preparando uma surpresa pra aquela maldita, já que era aniversário dela, ela estava lá, se comendo com o cara que era o meu melhor amigo na época"

"Você está saindo com aquele filho da puta, My?"

"E não percebeu o imbecil que ele é?"

 Por que as pessoas diziam aquelas coisas dele? Sério, o garoto é completamente simpático, tímido as vezes, inteligente e sabe conversar. Por que todos esses xingamentos? O que todo mundo sabia que eu não sabia? De qualquer forma, decidi não cometer uma loucura e sair perguntando para Luke, que merda toda era aquela que eles falavam. Porque sua personalidade era tão diferente do que diziam.

 Pigarreei, e sorri fraco, agradecendo mentalmente que ele já não mais olhava para mim, esperando algum tipo de resposta.

- Vai fazer o que? - Perguntei a primeira pergunta que veio na minha cabeça, despertando sua atenção.

- Não sei, o que se faz em um café da tarde? Eu estava a fim de fazer lasanha, por mais que isso pareça estranho.

- Lasanha no café da tarde não é uma coisa muito normal, confesso, mas vamos lá. Eu amo e sei fazer muito bem. - Sorri e ele fez o mesmo, me dando espaço para que pegássemos os devidos ingredientes. Ainda estava curiosa sobre tudo aquilo, e já havia decidido o que fazer para descobrir. Eu arrancaria todas as informações do meu irmão, por mais que isso demorasse eternidades.

[...]

 Já fazia alguns minutos que a gente tinha preparado a lasanha, com direito a guerra de comida. Tudo começou quando ele me sujou com molho de tomate, segundo Luke, foi sem querer, mas eu revidei e assim foi até a gente ver que o molho havia acabado. O que não tinha problema, já que a lasanha não precisava mais desse ingrediente. Me sentei novamente no balcão, o vendo encostar-se no fogão e cruzar os braços, sorrindo de lado pra mim.

- Você é ótima cozinheira mesmo.

- Eu não disse! Tive que aprender a cozinhar, sabe? - Murmurei, sorrindo.

- Sério? Por que? - Luke parecia curioso, para o meu desgosto. Não gostaria de tocar em assuntos de família, ainda mais com a família que tenho.

- Ah, é uma longa história. Não sei se você é confiável a ponto deu te contar meus problemas de família. - Eu estava meio que brincando, mas ele estava sério, como se não tivesse entendido que eu não disse aquilo por mal.

- Minha mãe morreu tem quatro anos. Enquanto ao meu pai, não faço ideia da onde pode estar, já que ele me abandonou aos três anos de idade. Por isso você não viu ninguém aqui. Porque eu moro sozinho. Não tenho irmãos, e raramente converso com algum parente. - Ele desabafou, e sorriu dolorosamente ao final. Dizer que eu não estava surpresa, séria uma mentira descarada. Eu não esperava mesmo, que ele não tivesse ninguém, que ele fosse tão solitário, ou que não tivesse uma família como acabou de me dizer. Não perguntei cadê os pais deles, porque pensei que tivessem saído, ou sei lá. Mas aquilo, definitivamente, não tinha passado pela minha cabeça. Endireitei minha postura.

- Luke, eu... Eu sinto muito. Não esperava por isso, de verdade. - Falei com a voz dolorida e ele sorriu bem fraco, porém eu podia ver a gratidão em seu olhar.

- Obrigado, Miley. - Agradeceu. De qualquer forma, eu me simpatizei com ele. Porque eu compartilhava da mesma dor. Para mim, era como se eu não tivesse meus pais. 

- Então... Me diz mais sobre você. - Sorri e ele riu baixo.

- Sobre mim? Acabei de dizer algo muito importante na minha vida, e você nem ao menos me contou o seu problema.

- Ah, mas nem é tão sério quanto ao seu... - Tentei fazer ele mudar de ideia, mas quando Hemmings entortou a cabeça, implorando silenciosamente para que eu dissesse, resolvi falar logo de uma vez. - Tá bom, tá bom. Eu não tenho o apoio dos meus pais desde criancinha, sofro meus problemas calada, e é como se eu não tivesse ninguém me apoiando, sabe? Não sei, pra mim isso é função dos meus pais. Mas o trabalho, o dinheiro é mais importante para eles do que eu. Meus pais não morreram, mas os meus sentimentos por eles sim.

- Não fala assim, eu sei que você ama seus pais. Só está magoada com eles.

- Muito magoada, por sinal. Então, quem cuida de mim é meu irmão mais velho. Mas é como se eu mesma fosse sozinha, porque ele é um completo irresponsável babaca. - Sorri, abaixando a cabeça levemente. - Mas ele eu amo, muito.

- Pelo menos você tem um irmão que te apoia, então por favor, pare de se sentir tão triste. Tem muitas pessoas que te ama, eu tenho certeza.

- Na verdade, eu tenho dois irmãos.

- Então! Melhor ainda! - Ele sorriu e se aproximou de mim. Senti que Luke ficou meio indeciso, mas logo me abraçou forte e reconfortante. Não sou acostumada a me desabafar, com ninguém. Nem com meus irmãos, nem com meus amigos. Mas aquela conversa, de alguma forma, havia me feito bem. Suspirei, sentindo seu perfume que não me era estranho.

- Obrigada, Luke. - Murmurei, assim que desfazemos o abraço. Ele se sentou ao meu lado em um pulo rápido.

- Pode me chamar de Lukey também, se quiser.

- Tá bom, Lukey. - Gargalhei. - É estranho falar Lukey.

- Mas por que? Eu gosto. Minha mãe me chamava assim.

- Pois agora eu gosto. - Em um gesto de impulso, encostei minha cabeça em seu ombro, fitando o nada. Ficamos em silêncio por algum tempo, e meus pensamentos sobrevoaram para Logan, só pra variar um pouquinho, né. Mas dessa vez, eu tinha uma vontade. Vontade de perguntar para Luke sobre a traição e tudo mais, porque ele fez aquilo e essas coisas. Será que seria inconveniente tocar nesse assunto, agora que posso afirmar que viramos amigos?

- Você conhece o Logan, né? Eu lembro mesmo, uma vez ele me disse que sempre ia almoçar com sua família, porque suas mães são muito ligadas. Ele achava isso um saco. - Ele riu e eu não pude evitar arregalar bem os olhos, completamente surpresa. Era como se ele tivesse lido os meus pensamentos, como se a gente tivesse alguma telepatia ou coisa do tipo. Eu pensei em Logan e ele logo puxou assunto sobre isso? Mas, não foi apenas isso que me deixou assim. Era o fato dele também falar do Henderson. Por que ele falaria do Logan se eles se odiavam hoje?

- É, isso sempre acontece. Vocês eram amigos, né? - Perguntei, voltando a ficar sentada normalmente e fitando-o, que não retribuiu meu olhar. Estava sério, olhava algum ponto da cozinha.

- É... Enfim, o que quer fazer? Podíamos jogar videogame. - Luke disse me olhando, e eu franzi a testa. Da mesma forma que tocou no assunto, rapidamente, mudou. Resolvi dar de ombros, é horrível ter que quebrar a cabeça para descobrir alguma coisa que ninguém quer me falar o que é.

- Eu até gostaria mas, acho que já vou. - Levantei-me e ele fez o mesmo.

- Ah não, Miley... Está cedo ainda, fica mais.

- Desculpe Lukey, eu tenho que ir. Desculpa mesmo. - Fui até a sala, pegar minha bolsa e senti que o loiro segurou meu pulso. Virei-me para ele.

- Tudo bem, pode ir. Mas vai ter que me prometer que vai sair comigo qualquer dia desses.

- Está me sugerindo um encontro, mocinho? - Olhei-o de cima em baixo, cruzando os braços, apenas para rir no final com a careta dele.

- Não é necessariamente um encontro, é só... Pra gente se conhecer. Fechado?

- Eu vou olhar na minha agenda se tem algum horário disponível pra você.

- Miley! Não se faça de difícil, é só pra gente sair! - Luke passou a mão no rosto, quase implorando, tanto que dava até dó. Ri.

- Tudo bem. A gente marca direitinho, pode ser? Agora tchau, Lukey. Não esqueça de levar o trabalho amanhã. E até mais. 

- Foi ótimo te conhecer, Miley. - Ele sorriu de uma forma diferente, que eu não consegui distinguir o que era. Apenas sorri, abraçando-o e senti-o dar um beijo na minha bochecha. Depois das breves despedidas, sai de sua casa com calma, fui até meu carro e andei por alguns minutos até minha casa. O relógio marcava 17h00m em ponto. Lembrei-me rapidamente do sermão de Carlos, de sua insistência para que eu chegasse logo. E nem sabia o motivo disso. Luke era tão simpático, que eu não estava mais considerando nenhuma queixa sobre ele. Eu era sim amiga dele, e sim, eu iria sair com ele qualquer dia desses.

- Ótimo, já estava quase te ligando, Miley Jones. - Carlos estava de braços cruzados, sentado no sofá, assistindo alguma coisa que eu não prestei atenção para saber o que era. Joguei minha bolsa na mesa de vidro, sentando-me no outro sofá, com cara de poucos amigos.

- Agora você vai me contar tudo, Carlos.

- Tudo o que?

- Por que essa cisma com o Luke, hein? Ele é completamente diferente do que você vivem falando. - Vi-o revirar os olhos.

- Miley, acorda! Logan não te contou que...

- Que ele pegou a namorada do Logan quando eles eram melhores amigos e blablablá... Eu sei! Acontece que isso já faz tempo e além do mais, eu não tenho nada a ver com isso! - Quase gritei, só tomando cuidado para que Tom não escutasse de seu quarto. Ele provavelmente questionaria sobre o que estávamos falando.

- Ele é um completo idiota, ele não presta Miley! Eu não quero você com Luke, entende?

- Pois problema seu. Eu sou amiga dele e isso não vai mudar. Para você de se meter na minha vida, privar minhas amizades só porque elas não se dão bem com o Henderson. - Levantei do sofá, indo correndo subir as escadas para chegar ao meu quarto. Precisava de um banho, precisava relaxar um pouco. Aquilo tudo era pura besteira, e se antes eu estava morta de curiosidade para saber o porquê dessa cisma, agora eu não estava mais nem aí. É só besteira deles, por favor, né.

- Miley, volte aqui! - Foi a última coisa que ouvi de Carlos, depois entrei no meu quarto e tranquei a porta. Só sai mesmo para jantar, mesmo assim peguei meu prato e subi novamente. Não estava necessariamente brava com o Los, apenas queria que ele entendesse que eu sei muito bem escolher as minhas amizades. E Luke era um amigo já. Um bom amigo.

Continua.

* A frase no início do capítulo é da música Let's Be Friend. A tradução é: "Acho que eu gostei de você."

Hey gatas, me desculpem pela demora <3 Mas aí está mais um capítulo. Estou pressentindo que vai ter gente que não vai gostar dessa aproximação da Miley com o Luke mas, relaaaaxem! Eu sei o que to fazendo, heuehue. Pelo menos, eu acho.

Divas, a página tem mais de 11 mil visualizações mas eu preciso mesmo que vocês comentem! É como um incentivo, sabe? É o que me motiva para continuar escrevendo. Então, poooooooor favor, comentem o que está achando, hm? Eu amaria se você fizesse isso <3

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Até <3