Fanfic Surprise. Vigésimo Terceiro Capítulo: Um telefonema e Starbucks.

My head is in chaos

- My, desde que você foi lá beber água está bem calada. Aconteceu algo que eu deveria saber? - Ana perguntou, e eu demorei alguns segundos para olhar para ela, que mantinha seu rosto em puro estado de preocupação.
- Não, está tudo bem. - Forcei o sorriso mas que pareceu não convencê-la. Eu não falaria nada que eu e Henderson nos agarramos no banheiro depois que ele admitiu ter ciúmes de mim. Pelo menos, eu não falaria aquilo perto de Luke, obviamente. Então, voltei a jogar videogame com um loiro certamente distraído.


[...]

- My, eu preciso ir. Já está escurecendo e eu não estou muito a fim de dirigir de noite. - Luke mostrou a língua e eu ri baixo, assentindo enquanto desligava o videogame e caminhava para a cozinha com os dois ao meu lado.
- Ok. Obrigada por ter vindo aqui e ter me aturado a tarde inteira, Lukey. E desculpe pelos meninos. - Entortei a boca, desfazendo o rápido abraço.
- Não, tudo bem. Então a gente se vê amanhã, né? - Perguntou meio sem jeito e eu assenti prontamente. - Ok. Boa noite, Miley. Ana. - Respondi o mesmo e o conduzi até a porta. Na sala, os cinco ainda estavam lá, agora assistindo alguma coisa que eu quase tive certeza de que era The Walking Dead. Tentei fazer o mínimo de barulho possível para não despertar a atenção deles, porque eles veriam o Lukey e eu não faço ideia do que aconteceria. Na verdade, agora eu não fazia ideia de mais nada.
 Despedi-me do loiro, que foi embora em pouco tempo. Suspirei e olhei para Ana, que fez um sinal para que subíssemos para o meu quarto. Ela, sem dúvidas, perguntaria aquilo de hoje mais cedo. E ela perguntou, assim que chegamos ao meu quarto.
- Logan admitiu que tem ciúmes de mim e me agarrou no banheiro aqui do lado. - Dei de ombros. Aquilo não era algo tão impressionante assim, mas parecia que para a minha amiga, aquilo era como se eu tivesse ganhado um Oscar. Ela bateu palmas animadamente e riu.
- Ele admitiu? Ai. Meu. Deus. Isso é ótimo, Miley!
- Isso não tem nada demais, Ana.
- Mas é claro que tem! - Sentou-se ao meu lado, me encarando com felicidade. Fiz cara de tédio. - É assim que começa. Daqui a pouco ele admite que sente o mesmo que você sente por ele. - Ela murmurou e eu dei diversas gargalhadas, não conseguindo me conter com o que havia escutado. Era tão patético!
- Ana, eu não sou nenhuma iludida. Não acredito que você disse uma coisa tão idiota como essa. - Balancei a cabeça negativamente e ela mostrou a língua. - Eu acho que já vou dormir, sabe... Não estou a fim de fazer nada.
- Uhum. My, posso dormir aqui hoje? Peço James para pegar minhas coisas lá em casa e trazer, quando ele for embora.
- Mas é claro que pode. - Sorri e ela assentiu, saindo do meu quarto para fazer o que havia dito. Eu me joguei na cama, pensando sobre aquela segunda e só despertei quando escutei Lithium tocar. Franzi ao cenho e só então percebi que era meu celular tocando. Peguei-o, que estava no bolso de trás do meu short. O número era desconhecido. Fiquei alguns segundos tentando decidir se atenderia. E finalmente atendi de uma vez.
- Alô? - Minha voz estava mais cansada do que eu pensei, e cocei a nuca esperando alguém responder do outro lado da linha. Mas ninguém respondeu. Estava tudo em silêncio e eu juro que me senti naqueles filmes de terror. - Alô?
- Miley? - A voz era de homem, mas eu não reconheci, pois estava mais grossa do que o normal, como se tivesse com algum efeito. Simplesmente rolei os olhos. Que belo momento para passar um trote.
- Quem está falando? - Murmurei, e novamente não obtive respostas. - Quem fala? Responda, por favor. Ou eu desligo.
- A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos. - A voz sussurrou e eu tive que apertar o celular sobre meu ouvido para escutar. Logo após, sem deixar chances para que eu falasse alguma coisa, a ligação foi interrompida e eu fiquei por muito tempo apenas escutando o "tum-tum-tum" do telefone. Estava confusa. Completamente. Quem era no telefone? Por que usava uma voz com efeito? Por que não queria ser reconhecido? E o que diabos aquela frase significava? A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos?! Eu fiquei com aquelas palavras ecoando pela minha cabeça por um bom tempo.
- Miley, o Jay disse que já vai embora agora e vai buscar... Miley? - Escutava Ana falando mas estava perdida nos meus pensamentos, enquanto olhava para o nada. Havia alguma coisa que eu não sabia ali ou o cara apenas estava zoando com a minha cara? - Miley? Fala alguma coisa, você está me deixando preocupada!
- Ahn... Oi. - Olhei para minha melhor amiga, balançando a cabeça lentamente. - Desculpe.
- O que aconteceu que você está estranha desse jeito?
- Nada não. Eu só me lembrei que amanhã tem prova e eu não estudei nada. - Menti descaradamente e ela franziu a testa.
- Prova? Miley, amanhã não tem prova nenhuma. A próxima prova, de geografia, é daqui uma semana.
- Ah, sério? - Forcei um riso, fingindo todo aquele teatro para não ter que conta-la nada. Não ia preocupa-la com isso, as vezes foi só um trote idiota e estou me preocupando atoa. - Nossa, que alivio! Eu jurava que era amanhã, já está enlouquecendo.
- E desde quando você se preocupa com provas? Tá legal... Você está estranha.
- Eu estou normal, Ana.
- Tudo bem, se você diz... - Ela finalmente deu de ombros, e eu suspirei discretamente, aliviada. - Então, James está indo agora e vai buscar minhas coisas para trazer para cá.
- Ah, isso é ótimo! Jay é sempre um amor, né?
- É sim. Mas... Não sei, de uns tempos para cá, ele está meio fechado. - A loira entortou a boca.
- Meio fechado? Como assim?
- Você sabe que meu irmão sempre foi amoroso, carinhoso e simpático, certo? Mas sei lá, de uns tempos pra cá ele está meio calado e tudo mais.
- Isso deve ser impressão sua. Nunca vou imaginar um James mau-humorado, sério. Ele é tão fofo que as vezes penso em trocar com você de irmão. - Falei e ela riu.
- Não mesmo. Continuo preferindo o Jay, viu. O Carlos é um mala! Sem ofensas. - Rimos.
- Eu sei que ele é uma mala, concordo plenamente.
- Ah mas, as vezes a gente fala isso de brincadeira, mas o Lo merece um prêmio. Ele foi praticamente seu pai e sua mãe quando eles não estavam aqui. Não só para você, mas também para o Tom.
- Sim, eu sei. - Suspirei, sorrindo de lado. - E apesar dele ser um chato, irritante, mandão, gay, idiota e mais um monte de coisas, eu o amo.
 Continuamos conversando até mais ou menos meia-noite, onde o sono realmente bateu, e a gente devia mesmo ir dormir, para acordar exatamente seis da manhã.

[...]

- Todo mundo reunido, agora! Anda cambada, vamos logo, pra perto daquela árvore ali. - Kendall apontou com o queixo enquanto Ana ria descontroladamente.
- Ô Kendall, vai pra puta que pariu, você tá falando como se fôssemos bois no meio do pasto! - Cruzei os braços bufando e Logan riu, juntamente com o loiro.
- Querida, eu já disse que tenho um recado pra vocês. - Mais gay, impossível.
- E por que não fala aqui mesmo?
- É uma festa, Miley. E definitivamente, eu não vou convidar todo mundo dessa escola. Então, se vocês quiserem ir na porra da festa, vão pra onde eu falei, por favor. - Pra falar verdade, eu estava me divertindo com o Kends. Ele estava irritado. E eu simplesmente adoro irritá-lo.
- Opa! - Daniel se levantou, esfregando as mãos. - Se o negócio é festa, tô indo pra lá agora.
- Eu também. - Ana e Danny foram para o local e ficou apenas eu, Kendall e Logan. O loiro me olhou com deboche, esperando alguma reação minha. Eu rolei os olhos, levantando-me e caminhando junto com eles para trás da imensa árvore que ele havia mencionado.
- Tá legal. A festa que vou fazer lá em casa é daqui duas semanas, porque vai ser quando meus pais irão viajar e eu vou ter a casa todinha pro papai aqui. - Apontou com o indicador para si mesmo. - É no sábado. Às 10 da noite. E eu espero vocês lá.
- Pode contar com a minha presença, Kendall. Quer ajuda?
- Não, Danny. Logan vai me ajudar com tudo.
- Ah sim. Bom, eu já vou indo, tenho que conversar com o diretor sobre uma avaliação de matemática. Tchau, gente. - Danny saiu depois que eu abracei-o de lado.
- Tudo bem. Eu espero sinceramente que eu não me arrependa de ir nessa festa. - Comentei, fazendo o garoto de olhos verdes rir despreocupadamente.
- E desde quando você nega ir em alguma festa, por mais ruim que possa parecer? Relaxa. Você já foi milhares de vezes nas minhas festas, sabe que sou eu que dou as melhores festas nessa escola.
- Abaixa esse facho, Kendall. - Logan disse, coçando a nuca e rolando os olhos. Ana sussurrou que ia beber água e saiu caminhando até o bebedouro.
- Qual é Henderson, eu aprendi com você.
- Não duvido nada. - Murmurei, rolando meus olhos por toda a escola. Foi só quando vi um garoto bastante conhecido vindo em minha direção, totalmente sorridente, que eu parei os olhos e arregalei eles. Por que diabos Luke está vindo em minha direção justamente quando estou conversando com o Kendall? E pior, o Logan?! Sinceramente, ninguém aqui está mais a fim de presenciar a briga desses dois.
- My! - Ele disse, animado, me dando um abraço apertado que eu fiquei com medo de retribuir, por isso não o fiz. - Tudo bom?
- Tudo sim e você? - Cocei a nuca, virando-me para Logan que mantinha os braços cruzados, o maxilar trincado enquanto nos observava.
- Tudo ótimo. Na verdade, eu queria te fazer um convite. - Ele agia como se tivesse apenas nós dois ali.
- Um convite? - Ri sem graça.
- Sim. Podemos sair hoje, depois da aula, hum? Podemos nos divertir. Quer ir no Starbucks comigo, Miley? - Ele sorriu, perguntando. Eu escutei Logan murmurar alguma coisa, que eu não consegui entender o que era, mas sua voz estava impaciente, nervosa. Kendall deu leves tapinhas nas costas de Logan, que me encarou com ódio mortal, cruzando os braços musculosos novamente, nitidamente esperando que eu respondesse. E então um diálogo veio na minha cabeça.
"- Logan admitiu que tem ciúmes de mim e me agarrou no banheiro aqui do lado. - Dei de ombros. Aquilo não era algo tão impressionante assim, mas parecia que para a minha amiga aquilo era como se eu tivesse ganhado um Oscar. Ela bateu palmas animadamente e riu.
- Ele admitiu? Ai. Meu. Deus. Isso é ótimo, Miley!
- Isso não tem nada demais, Ana.
- Mas é claro que tem! - Sentou-se ao meu lado, me encarando com felicidade. Fiz cara de tédio. - É assim que começa. Daqui a pouco ele admite que sente o mesmo que você sente por ele."
Aquilo meio que me atingiu e eu fiquei um tempo pensando. Logan aparentemente não estava nem aí pra mim, mas sempre que me via com o Luke, sentia ciúmes. Ele sentia ciúmes mas não gostava de mim, certo? Hum. Então se ele realmente não gosta de mim, acho que não vai se importar deu sair com um amigo, correto?
Abri um sorriso provocador e mordi o lábio inferior antes de abraçar Luke de lado.
- Mas é claro que sim, Lukey! Vamos no Starbucks e talvez até no cinema. Fiquei sabendo que está passando filmes ótimos... - Falava enquanto passava por Logan, esbarrando propositalmente em seu ombro, mas sussurrando um "desculpa". Ele estava nervoso. Sim, estava porque eu o conheço e sei quando seus olhos estão queimando de raiva. Tipo agora. Dei milhares de gargalhadas por dentro, sorrindo por fora.

[...]

 O dia se passou cheio de contas infernais e matérias novas. Eu acho que dormi na maior parte do tempo. E quando não estava dormindo, estava observando discretamente Logan dormir ao meu lado. Ele é lindo até dormindo, eu não sei mais o que faço dessa vida.
 O sinal bateu anunciando - finalmente - o final da aula dessa terça-feira. Caminhei preguiçosamente para fora daquela sala que estava completamente abafada, devido ao ar condicionado que havia quebrado, e até agora ninguém sabia o porquê. Carregando a minha mochila que estava bem pesada, passando por aquele tanto de alunos que corriam desesperadamente para ir embora logo daquele lugar, percebi que fazia muito calor. Mas era muito mesmo, onde em apenas cinco minutos no sol você já ficaria suada. Isso não era normal na cidade, e eu poderia passar a tarde inteira nadando, mas não. Eu ia para o Starbucks com o Luke. Não era como se eu não quisesse, mas confesso que aceitei mais para fazer ciúmes no Henderson. Patético, né?
- My! Estava te procurando, garota. Que horas posso passar para te pegar? - Era o mesmo loiro que eu estava pensando. Sorri fraco pra ele, chegando finalmente no andar debaixo, depois de descer todas aquelas escadas.
- Hm... Pode ser às duas?
- Claro! Duas horas estou na sua casa então. Não se atrase, não é como se eu quisesse ficar com o capacete por horas nesse calor, sabe? - Entortou a boca e eu ri baixinho.
- Vai ir de moto, Lukey?
- Sim. Acabei de comprar. Sinta-se lisonjeada por estrear a moto comigo, Miley. - Ele piscou maroto e saiu andando para ir embora. Apenas revirei os olhos, sorrindo.
- Sinta-se lisonjeada por estrear a moto comigo. - Alguém fez uma voz afetada atrás de mim, imitando a fala de Luke e eu me virei, bufando quando encontrei a pessoa.
- Até você, Kendall? - Perguntei cansada de toda aquela implicância tosca.
- É, até eu. Estava querendo chamar todos vocês pra ir nadar lá em casa esta tarde e tal... Tá um calor do caralho, né? - Ele colocou os óculos ray-ban, os mesmos que o Logan tinha, e eu fiquei me perguntando se todo mundo ficava absurdamente bonito com aquilo ou era apenas impressão minha.
- Pois é, mas já tenho compromisso pra hoje, como você já percebeu. Sei que vai ficar bem triste porque eu não vou, já que a minha presença faz muita falta... - Brinquei e ele revirou os olhos, me fazendo rir.
- O seu humor é muito parecido com o do Logan, sabia? - Ele sorriu e foi a minha vez de rolar os olhos, fechando a cara para aquele comentário.
- Credo, Schmidt. Depois dessa eu já vou. - Acenei com a cabeça e virei-me, caminhando para fora da escola. Ouvi o loiro rir atrás de mim. Onde já se viu ele falar aquilo? Logan Henderson é trezentas vezes pior do que eu. Em todos os sentidos.

[...]

- Cara, não acredito que vou ser a única mulher no meio de todos aqueles homens. - Ouvi ela reclamar da mesma coisa pela milésima vez e ri, mas ainda prestando atenção no espelho. A roupa até que estava legal, mas não tão legal para uma tarde tão calorenta.
- Única mulher? Eu duvido muito. Muito. - Voltei para meu closet, pegando um cropped de pérolas bem fresquinho. Tirei a blusa que usava e coloquei-o, encarando novamente meu reflexo. Ouvi Ana bufar, se enrolando na minha cama com apenas a parte de cima do biquíni rosa florescente e um short jeans.
- É, obviamente não vou ser a única mulher mas... Vou ser a única que não vai estar ali pra ficar com os meninos. Não conheço ninguém My!
- Que exagero, Ana. Seu irmão vai estar lá, o meu... Vocês vão apenas para a casa do Kends passar a tarde nadando! Para com isso. Tenho certeza que vai conhecer alguém lá.
- Isso vai ser praticamente uma festa na piscina. E você não vai estar lá comigo, Miley Jones.
- Eu tento voltar o mais rápido possível. Mas me diz, essa roupa está boa? - Me virei para ela, sorrindo de lado. Usava o cropped e uma Hot Pant com estampa.

- Você está praticamente pelada.

- Foda-se. Está um calor infernal lá fora e eu não vou usar roupas super quentes porque usar short curto é errado e blablablá. - Rolei os olhos, calçando um sandália qualquer.

- Então você é aquelas meninas rebeldes que não tá nem aí pra o que a sociedade impõe? - Ela riu, divertida.

- Talvez. - Mostrei a língua, rindo e entrando naquele brincadeira. - Falando sério agora, já estou indo. Não quero que Luke precise entrar aqui em casa, os meninos estão aqui e não seria nada legal um clima constrangedor como aquele novamente.

- Claro. 

 Descemos as escadas e os meninos estavam na cozinha. Ana foi até eles e eu não disse nada, caminhando até a porta da frente.

- Epa, na onde está indo com esses trajes, Miley Jones? - Era Carlos, que chegava mais perto de mim com os braços cruzados. Odeio quando ele me chama pelo nome completo.

- Vou sair pra comer alguma coisa com um amigo. - Dei de ombros.

- Com essa roupa? - Kendall gritou da cozinha. James estava perto dele, sorrindo carinhosamente para a irmã que está abraçada de lado com ele. Logan me comia com os olhos, e eu não pude deixar de sorrir disfarçadamente quando percebi aquilo.

- Sim, com essa roupa.

- Espero sinceramente que não seja com o Luke. - Carlos tinha os olhos cerrados, bem nervoso pro meu gosto. Respirei fundo e abaixei a cabeça. Não queria iniciar uma discussão, que com certeza se eu falasse que ia com ele, ia ter uma. Decidi não responder nada. Eu devo sim satisfações pra ele, mas isso não vem ao caso agora. Sai de casa sem falar nada e já vi uma moto vermelha e bonita parada em frente, com um garoto loiro e alto encostada nela, usando um óculos - não, não era ray-ban! - e uma camisa do Nirvana. Não pude deixar de lembrar de Logan. Ele que usa muito camisetas de suas bandas preferidas.

- My! Vocês está adorável com essa roupa sexy sem ser vulgar. - Ele disse sorrindo e eu gargalhei, dando um beijo em sua bochecha.

- Você é a primeira pessoa que me diz que isso está... adorável. - Ouvi ele rindo do meu comentário, entregando-me um capacete azul, depois de já ter colocado o seu.

- Eu costumo ter outras visões das coisas. - Piscou um dos olhos, subindo na moto e me chamando para que fizesse o mesmo. Respirei fundo e sentei-me atrás dele, entrelaçando minhas mãos por volta de sua cintura. Mordi o lábio inferior quando percebi que estávamos muito próximos.

 Lukey ligou a moto e acelerou sem rodeios. Tive que agarrar ainda mais forte sua cintura, pra não cair. Fechei os olhos imediatamente quando senti aquele vento fresco batendo no meu corpo, em algumas partes do meu rosto que não era cobrido por aquele capacete. Nem prestei atenção no tempo, e só abri novamente os olhos quando percebi que ele havia parado. Já tínhamos chegado no Starbucks, que não pude deixar de perceber que era o mesmo que eu havia ido com o Logan, onde havíamos nos beijado e tudo mais. Me peguei observando o local, lembrando-me daquele dia, daquela época.

- Miley? Está tudo bem? - O loiro me tirou dos meus pensamentos e eu olhei-o, demorando alguns segundos para assentir. Suspirei pesadamente enquanto tirava o capacete e balançava os meus cabelos para que voassem livres. Saí da moto e nós andamos para dentro do local, que estava particularmente cheio naquela tarde de terça-feira.

 Sentamos em uma mesa perto de uma imensa janela, para que não morrêssemos assados. Não que o lugar era quente, era até fresco. Mas era mil vezes melhor sentir o ar da janela que vinha bem para nós dois. Não demorou mais do que um minuto para uma garçonete ruiva natural e com olhos castanhos cativantes chegar até nós sorridente, entregando o cardápio e desejando uma boa tarde. Diferentemente do Logan, Luke não flertou com ela nem disse aquelas coisas maliciosas. O que só me lembrou da imensa diferença dos dois.

- O que vai querer, mocinha? - Luke perguntou divertido, e eu observei mais uma vez o cardápio, cerrando os olhos na dúvida. - Confesso que queria um sorvete agora, né.

- Não estraga, Lukey. Eu vou querer, pra beber... Hm, vou querer um Choco Chip Frappuccino à base de café. E pra comer, um sanduíche australiano. - Finalizei o pedido para a garçonete, que anotava tudo com um sorriso.

- Ok. E você, moço? - Ela apontou para meu amigo.

- O mesmo que ela. - Ele tinha seus olhos intensamente mantidos em mim, e piscou enquanto sorria. Apenas sorri sem graça, coçando a nuca. Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, e então o nossos pedido finalmente chegou.

- A comida daqui é excelente, cara. - Luke sussurrou, comendo com tanta pressa o sanduíche que me fez gargalhar alto.

- Calma, o sanduíche não vai fugir. - Respondi ironicamente e ele me olhou, fingindo estar ofendido com minha brincadeira.

- Estou com fome, sabe. - Tomou um gole de sua bebida. - Mas enfim... Ah, sabia que hoje a professora de ciências me procurou no final da aula, bem depois que eu falei com você?

- E...?

- E que ela fez questão de deixar bem claro que o nosso trabalho foi um dos melhores, não só da sala como da escola. E adivinha qual trabalho vai estar exposto para quem quiser ver no mural perto da secretaria?

- Mentira, sério? - Sorri largamente e ele assentiu, divertido. Qual foi a última vez que isso aconteceu comigo? Ah é, isso nunca aconteceu comigo.

- Então, parabéns garotinha.

- Primeiro, o parabéns deve ir pra você. Tenho certeza que se eu fizesse isso sozinha, nunca estaria entre os melhores. E segundo, não me chame de garotinha. - Fingi estar brava e ele riu.

- Sabe por que garotinha no diminutivo? Porque sou bem maior que você.

- Não tem tanta diferença assim. - Rolei os olhos, mordendo mais um pedaço da comida.

- Ah, tem. - Ele riu, bagunçando meus cabelos e eu dei um tapa em seu braço para que parasse, fazendo-o rir mais e se divertir com minha situação descabelada. Arrumei meu cabelo por minutos, reclamando de seu jeito e ele apenas se divertia.

- Mas que chatice, Lukey.

- Estou hiperativo, desculpe. - Ele levantou as mãos, jogando-as para todos os lados e eu olhei apara as pessoas ao redor, que nos observava como se fôssemos diferentes.

- Hemmings, para. As pessoas já estão começando achar que você tem problemas mentais.

- Epa, eu sou perfeitamente normal! - Ele gritou, atraindo mais olhares para nós. Eu não sabia se ria ou se ficava com vergonha.

- Para de me envergonhar Lukey, estamos no meio do Starbucks... - Falei prendendo um riso da dancinha que o loiro fazia, ainda sentado. Não sei exatamente o que havia dado na cabeça dele para começar a fazer essas coisas do nada.

- Eu apenas estou feliz. - Gritou novamente, levantando os braços e rindo da minha cara que provavelmente já estava vermelha. E só foi ele fazer mais uma gracinha que eu não me aguentei, comecei a rir junto ignorando todos os olhares de rejeição pra mim.

- Cara, você é idiota. - Falei sorrindo, assim que os risos haviam cessado. Ele rolou os olhos em tom de brincadeira e alargou aquele sorriso, que confesso, era bem bonito.

 Luke tomou mais um gole de sua bebida, dizendo que ninguém mais ali tem senso de humor, o que concordei plenamente. Era óbvio que as pessoas ao nosso redor havia se incomodado com nossas gracinhas momentâneas.

- Pra te falar verdade, eu gosto de pessoas assim, sabe? Tipo você. - Falei do nada, sem conseguir raciocinar direito. Eu só estava falando o que me veio na cabeça.

- Tipo eu como? - O loiro deixou a cabeça levemente de lado, me olhando um pouco confuso. Mordi mais um pedaço do sanduíche para responder.

- Pessoas idiotas. - Respondi e ele me olhou feio, mas logo me acompanhou quando eu ri. - Não, quero dizer... Pessoas alegres, brincalhonas e tal... A vida fica mais divertida com esse tipo de gente.

- Ah sim. Concordo com você, por isso que eu sou desse jeito. Aprendi a ver o lado bom da vida e tudo mais. - Luke dizia enquanto procurava algo pelo bolso de sua bermuda jeans. Dei de ombros, devia estar procurando o celular ou a carteira. - Mas o confuso é que você gosta de pessoas animadas, mas sempre é mal-humorada.

- Não é como se eu fosse mal-humorada a maior parte do tempo. - Falei, encarando distraidamente as pessoas que andavam do lado de fora pela janela. - Eu sou divertida com meus amigos e de vez em quando com as pessoas em geral, mas... Acho que mal-humor está no meu sangue. Eu tenho esse defeito que confesso que não é muito bom, mas... - Eu ia continuar falar, mas percebi algo. Era como se fosse um relâmpago, então, imediatamente olhei para Luke, e abri a boca quando percebi que aquele "relâmpago" se tratava de um flash. De uma câmera. Hemmings havia tirado uma foto.

- O que? Você tirou uma foto minha, Lukey? - perguntei, indignada e ele apenas riu, divertido.

- Sim. Awn, você fica uma gracinha falando distraidamente, olha. - Respondeu enquanto olhava minha foto naquela câmera e eu grunhi, fingindo estar com raiva. Assim que ouvi ele gargalhar e pegar seu sanduíche com uma das mãos, eu coloquei minha cadeira com rapidez do lado dele, e assim que estendi a mão para pegar a câmera, ele impediu com a outra que segurava sua comida, e consequentemente sujou a minha bochecha e o canto da minha boca de puro molho do sanduíche. Luke me olhou, chocado, mas ainda sim ria baixo. Meu queixo caiu.

- Lukey!! Luke Hemmings, seu jumento! - Quase gritei novamente, olhando pelo reflexo do vidro da janela próxima a nós que, realmente, ele havia sujado feio meu rosto de molho.

- My... Desculpa. - Ele tentou ficar sério com isso, mas estava nitidamente se divertindo com a minha raiva. Eu fiquei olhando séria pra cara dele por um tempo, mas não aguentei e comecei a rir junto.

- Vou pensar se te desculpo. 

- Vem, deixa eu limpar essa bagunça que eu fiz. - O loiro disse sorrindo, pegando guardanapos e limpando minha bochecha com delicadeza. Eu rolei os olhos quando ele ficou subitamente sério, me encarando intensamente e desviei o olhar. Mas ele entortou a cabeça e foi quase impossível de não encarar aqueles olhos azuis. Então, eu olhei-o, assim como ele me olhava. Não percebi direito o que ele estava fazendo, mesmo que sabia que ele ainda limpava o canto do meu rosto, mas quando encarei aqueles olhos, eu só consegui pensar. Pensar em tudo, sabe. Em como ele havia chegado a tão pouco tempo, e de primeira eu havia odiado-o. Mas agora eu estava aqui, no meio do Starbucks para uma tarde, trocando de olhar intensamente com ele. Espera... Aquilo era uma troca de olhares?

 Eu tentei me distanciar dele, mas Luke rapidamente colocou a outra mão na minha nuca, prendendo-a sobre os meus cabelos, enquanto a outra terminava de limpar meu rosto. Assim que terminou, ele jogou o guardanapo na mesa e eu fiquei encarando aquele pedaço de papel branco. Fiquei encarando por um bom tempo, e só consegui olhar para o garoto a minha frente de novo, quando senti que ele estava próximo. Próxima demais. Tipo, eu podia sentir a respiração dele batendo perto da minha boca, que agora estava semiaberta.

- Luke... - Eu sussurrei, mas nem tive tempo de pensar direito. Seus lábios foram rapidamente de encontro ao meu. Ele queria nitidamente um beijo de verdade, mas eu fechei forte a minha boca, e aquilo foi apenas um selinho.

 Pra ser sincera, eu não sei o que estava sentindo. Desde que comecei a... me relacionar com o Logan, eu não havia ficado com mais ninguém, pelo menos não que eu me lembre. E sentir outra boca na minha sem ser a dele era... diferente. Eu estava quase agarrando o cabelo deles, sabe. Até porque eu não sou de ferro. Mas a gente se conhecia não tinha tanto tempo, todo mundo parecia odiá-lo - não todo mundo de verdade, claro - e a gente era amigo. Amigo, sabe? E acho que amigos não beijam amigos.

 Com esse pensamento, eu separei nossos lábios com força e olhei pra ele, que me encarava confuso e feliz. Sustentei seu olhar por alguns segundos mas logo tratei de puxar minha cadeira para onde estava antes. Sem conseguir achar um jeito para que aquele momento ficasse menos constrangedor, eu apenas peguei minha bebida, tomei um longo gole e desviei meu olhar novamente para a janela. Senti a respiração dele meio pesada e abaixei a cabeça, encarando a barra do meu short.

- Apaga a foto... Por favor. - Foi tudo que eu consegui murmurar, suspirando em seguida. Preferi olhar para todos os lados, menos para aqueles olhos azuis que eu tinha certeza, ainda me fitavam intensamente. Oh Céus... Preciso dizer que a minha cabeça estava totalmente confusa?

Continua.

Tradução da frase no início do capítulo: Minha cabeça está um caos.

Estamos quase virando pra 2015, e eis que é esse meu presente de fim de ano pra voooocês! Última att do ano! Agora só atualizo ano que vem. Nossa, isso soou tão dramático.

Esse foi meu presente, agora quero o de vocês! Sabe qual?? COMENTÁAARIOS <3 Comentem o que estão achando, se gostaram do capítulo, quais suas teorias em relação a esse telefonema misterioso e claro, sobre esse selinho de Luke e Miley. Acho que muita gente não vai gostar, mas enfim HEUEEUH. Apenas confiem em mim.

Um beijãaao, e um feliz 2015 pra todas! Que seus sonhos se realizem, e que vocês sejam mil vezes mais felizes!!

Gih.

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