Fanfic Surprise. Vigésimo Quinto Capítulo: Trouble.

And I realize the blame is on me

- Eu... Desculpe, não queria interromper. - Ela murmurou depois de um tempo, onde só ficamos olhando um para a cara do outro, ninguém com coragem de dizer uma palavra. Eu não estava necessariamente com medo da reação dela, eu só não queria que ela ficasse sabendo dessa forma. Porque dava impressão de que eu não queria contar nada, o que é ruim, já que sempre contávamos coisas uma para outra.
- Não Ana... Espera. - Falei, depois que ela se virou para ir embora, e a garota parou, me esperando. Eu respirei profundamente, secando as últimas lágrimas no meu rosto e encarei Luke, que me olhava com os olhos brilhando, porém sem expressão no rosto. Dei um sorriso fraco e sussurrei em seu ouvido:
- Desculpe por isso.
- Você definitivamente não precisar se desculpar. - Ele sussurrou de volta, com um sorriso. - Foi ótimo, e eu espero que venha muitos mais outros depois desse. - O loiro piscou pra mim e se levantou, enquanto eu ficava apenas encarando-o, sem conseguir dizer nada. Ele disse aquilo mesmo ou eu estou ouvindo coisas? - Bem... Eu já estou indo. Tchau, meninas. - Ele saiu e me deixou sozinha com Ana, que rapidamente se sentou no lugar que antes Lukey ocupava. Eu fitei-a com os olhos arregalados.
- Sua... Sua... - Ela já ia começar os xingamentos, mas eu interrompi-a, iniciando a minha desculpa.
- Nem começa Ana, eu ia te contar tudo. Só não tive tempo. E não estava sendo planejado esse beijo aqui, apenas... aconteceu.
- E dá pra me contar o que foi isso? - Ela pediu e eu respirei fundo, contando tudo. Absolutamente tudo pra ela, desde a parte do Starbucks até quando ela chegou e viu aquilo. A loira ficou meio chocada, dizendo em sussurros que não esperava nada disso. - Você sabe que eu prefiro o Logan. - Esse foi o único comentário que ela fez depois que finalizei a história e eu bufei, levantando em um pulo.
- Cala a boca Ana, não começa! Henderson não tá nem aí pra mim! - Revoltei-me e ela se levantou também, pedindo que eu ficasse calma e se desculpando por ter dito aquilo. Agora sempre que tocávamos no assunto "Logan Henderson", eu não conseguia parar de imaginar aquela cena de minutos mais cedo. E uma raiva gigante se espalhava por cada parte do meu corpo.
- Eu não queria ser desagradável mas, eles estão se pegando até agora. - Ela suspirou. Antes que eu pudesse responder, ouvimos o barulho do sinal, anunciando que as aulas haviam começado. Eu respirei profundamente, querendo morrer do que ter que encarar Henderson mais uma vez, ou até mesmo Luke. Porque eu ainda estou confusa com as palavras do loiro. "Foi ótimo, e eu espero que venha muitos mais outros depois desse". Aquilo havia sido uma indireta, e eu não sei mais o que pensar.

Eu não sei mais de nada.

- Vamos logo, primeira aula é de matemática. Sra. Freire não é das mulheres mais simpáticas. - Eu apenas assenti e caminhei com a cabeça abaixada até a minha sala. Nesse trajeto, não vi mais se os dois pombinhos estavam lá.

[...]

 Eu fiz uma promessa. Eu prometi as quatro cantos do mundo que, se eu conseguisse dormir a aula inteira daquele dia, falaria menos palavrões. Porque dormir - além de ser uma das melhores coisas do mundo -, me ajudava com o que eu queria. E sabe o que eu queria? Não ter que encarar ninguém. Não ter que ver Logan, nem Luke, nem nenhum dos professores, muito menos escutar o que eles falavam. E aquilo parece que funcionou, já que a única vez que acordei foi com Ana me chamando para descer no intervalo, mas eu apenas disse que estava morrendo de sono e ficaria ali, o que era verdade. Depois só fui acordada novamente quando a aula havia acabado.
- Vamos logo, eu preciso da sua ajuda. - A pequena Maslow disse, enquanto eu juntava meus materiais preguiçosamente, e as pessoas saiam da sala as pressas. Graças a deus, Logan já tinha ido, assim como Lukey.
- Ajudar com o que?
- Roupas. Lembra do Dylan? - Assenti com a cabeça. - Então, ele... Bem, ele me chamou pra ir no cinema e eu preciso de uma roupa legal, e pensei em te chamar, apesar do seu estilo não se parecer muito com o meu... Mas enfim.
- Cinema, né? - Ri com malícia e ela cerrou os olhos, o que só me fez rir mais. - Ok, vamos no shopping. Que horas?
- Agora. Eu pago alguma coisa pra gente comer lá mas por favor, vamos agora. - Ela pediu e eu dei de ombros, concordando. Talvez comprasse alguma coisa pra mim também, fazia tempo que eu não saia para essas coisas.
- Finalmente achei vocês! Pensei que tinham morrido no meio do caminho. - Era Daniel com seu típico humor sem-graça. Ele me deu um abraço e perguntou discretamente se eu estava bem.
- Por que a pergunta? - Franzi a testa.
- Bom, eu... Eu vi Logan com aquela garota e logo imaginei que você... estivesse mal, sei lá. - Ele perguntou meio sem jeito e eu me segurei pra não ser mal-educada.
- Eu não tenha nada a ver com isso. - Sorri fraco e ele engoliu em seco. - Bom, vamos Ana?
 Caminhamos em silêncio pelos corredores agora já vazios, Danny suspirando de cinco em cinco segundos pela má resposta que eu dei nele. Porque é claro que eu estava com raiva, ele me conhece faz anos, sabia muito bem disso. Mas eu não precisava dar o braço a torcer, certo?
- Estão indo pra onde? - Era o único garoto entre nós duas que perguntava.
- Ana vai ao shopping comprar roupas pra se atracar com um garoto mais tarde.
- Hey, não fala assim! - Ana me deu um tapa no braço e eu ri.
- Posso ir com vocês? - Daniel perguntou animado, e eu encarei-o com a testa franzida.
- Daniel, desde quando você virou gay? Vamos comprar roupas, sabe, roupas.
- Eu sei mas... Sei lá, fico andando por lá, observando as coisas. Só não quero ficar em casa sendo engolido pelo profundo tédio que a minha vida sempre foi.
- Só vou deixar você ir com nós porque isso soou poético. - Pisquei o olho e ele riu, assentindo animadamente. Assim que terminamos as escadas, eu vi a pessoa que seria a última no mundo inteiro que eu queria ver. Ele estava perto do bebedouro, conversando animadamente com alguém no telefone e como sempre, ridiculamente lindo. Pelo menos aquela puta da Victória não estava por perto. Engoli em seco, desviando o olhar pra qualquer outro lugar, apertando o passo pra sair da escola sem ele me ver. Ana e Danny fizeram o mesmo, se entreolhando e já sacando que eu apenas queria sair dali. Apenas sair dali sem maiores problemas.

Mas é claro, nada saia do jeito que eu queria.

- Miley, espera aí. - Aquela voz ridícula, mas que eu amava gritou e eu grunhi, respirando fundo trezentas mil vezes.
- My, você não precisa atender, só saia depressa...
- Não Ana. - Interrompi minha melhor amiga, encarando Logan que vinha na minha direção. - Não vou fugir dele.
- Você quer que eu te espere...
- Podem ir. Me esperem lá fora. - Respondi e os dois ficaram meio preocupados, mas quando eu dei um sorriso fraco, fizeram o que eu pedi. Henderson sorriu quando ficou de frente comigo.
- Pensei que você ia embora e me deixaria aqui. - Ele sorriu. Ele estava de bom humor. Deus, desde quando Logan Henderson está tão simpático e feliz? Eu só me senti mais mal, porque alguma coisa me dizia que ele realmente estava feliz, e devia ser por causa de uma certa garota. Urgh.
- Essa era a intenção mesmo. Mas eu resolvi abrir uma exceção de bondade pra você. Aproveita, isso não acontece com frequência. - Respondi sendo o mais grossa possível. O sorriso dele murchou.
- Espera, esqueci que estou falando com Miley Jones, grossa da cabeça aos pés. - Ele sorriu, mas dessa vez era aquele sorriso provocativo que eu conhecia há tempos. Logan Henderson está de volta! - Eu vim te dar um recado da minha mãe.
- O que ela quer, fofinho? - Provoquei, e ele riu.
- Convidou você e sua querida família para um almoço lá em casa. Fazia algum tempo que isso não acontecia, né? Já estava morrendo de saudades. - Ele disse, completamente debochado e irônico e eu engoli em seco.
- Mas o que? Eu pensei que elas tinham parado com isso! - Estava indignada.
- Sinto muito te informar, amorzinho, mas elas não pararam com isso. Te vejo no sábado, às duas da tarde. Seja pontual. - Ele piscou e simplesmente saiu andando, me deixando furiosa. Eu odiava aqueles almoços com as duas famílias. O-d-i-a-v-a. A família Jones e Henderson, reunidas em uma mesa enorme e cara, bebendo vinho importado e tendo os assuntos mais fúteis e desagradáveis dessa vida. Era um saco, sem contar que Loggie obviamente estaria lá, e eu estava nervosa, magoada e tudo mais com ele... Eu odeio a minha vida.

[...]

- Pelo amor de Deus, estamos aqui faz uma hora e você só sabe reclamar, reclamar e reclamar! - A loira praticamente gritou, me fazendo calar imediatamente a boca.
- Já decorei as falas que ela disse: "Ai, eu não suporto ele, não acredito que vamos almoçar na mesma mesa escutando aquelas mulheres falarem..." - Daniel fez uma voz afetada e eu olhei-o, incrédula.
- Hey, isso parece um pato engasgando, eu não falo desse jeito! - Rebati e ele mostrou a língua.
- My, olha. Eu sei que é terrível, mas por favor, não é o fim do mundo! É só um almoço de algumas horas! Você não vai morrer por causa disso, então pare de agir como uma criança!
- Mas Ana, dessa vez é diferente! - Eu exclamei, cruzando os braços e fazendo cara de sofrida. É, definitivamente eu estava agindo como uma criança.
- Diferente por que?
- Porque esse é o primeiro almoço que tem desde que eu... - abaixei meu tom de voz. - Desde que eu perdi minha virgindade com Logan! Muitas coisas mudaram até lá, Ana! Eu estou morrendo de raiva dele e ao mesmo tempo querendo ele pra mim! Isso faz sentido? Você acha que eu vou conseguir agir normalmente perto desse garoto?
- Caramba, eu não suporto seus dramas. - Ela riu, despreocupadamente. - Come, sorria e vai embora. Não fale nada com ele, só seja educada e fim. Quando você ver, já passou.
- Acho que você esqueceu que está falando com Miley Jones. - Daniel disse por mim. - Eu aposto o meu carro que ela não vai agir educadamente e nem conseguirá ficar calada e quieta na dela o tempo todo.
- Finalmente uma pessoa que realmente me conhece! - levantei as mãos, como se agradecesse aos céus por isso. A loira simplesmente rolou os olhos.
- Aqui, é essa loja que eu gosto. - Ela mudou de assunto assim que ficamos de frente a uma loja, onde os looks das vitrines eram roupas completamente coloridas e estampas chamativas. - Na onde você vai, Danny?
- Vou andar por aí. - Deu de ombros.
- Faz assim, a gente se contra no McDonald's daqui uma hora, fechado?
- McDonald's? Vocês estão querendo virar duas baleias orcas? - Ele perguntou, incrédulo. Sempre que saiamos assim, para shopping, cinema e simplesmente para sair mesmo, sempre íamos nessas lanchonetes. Daniel agora é daquele tipo "alimentação adequada", cuidar da saúde e do corpo, então as vezes ele reclamava sobre isso. Mas com o tempo ele foi parando, porque percebeu que nós não somos do tipo que faz dieta. Muito pelo contrário.
- Danny, eu pensei que você tinha parado com isso. - Rolei os olhos.
- Sim mas, só nessa semana eu já ganhei calórias que seria para um mês inteiro!
- Para com essa encheção de saco, a última vez que programamos pra comer juntos foi naquela pizzaria, mas daí você fez o favor de bater o carro... - Ana reclamava, e a menção daquela noite tão significativa me acordou.
- Epa, não vamos mais comentar sobre isso, tá legal? Daniel, te vemos daqui uma hora. E por favor, não sai mais dando esses ataques por aí, as pessoas vão achar que você é gay. - Falei, arrastando Ana para dentro da loja. Danny fez cara de ofendido. - Mas você sabe que eu te amo, beijo e tchau.
 Entramos na loja e Ana ficou deslumbrada com cada peça que via, dando gritinhos histéricos que fazia minha cara ir parar lá no chão de vergonha. É horrível fazer compras com ela. Ana é do tipo que até começa dançar no meio da loja quando encontra alguma peça que fique perfeita.
- Aqui não tem muita roupa preta, né? - Eu comentei distraidamente, depois de cerca de quinze minutos andando pelo local.
- Miley, o destaque daqui são as roupas com cores vibrantes e vivas. Podia, por favor, esquecer por alguns minutinhos que você é o estilo gótica e me ajudar a achar alguma coisa legal? - Definitivamente, ela tava de TPM. Maslow é mais amorosa que isso, só acho.
- Eu não sou gótica. - rebati, virando várias saias na tentativa de encontrar uma legal.
- Tá, tá. Vou experimentar essa roupa, vem.
 Ana experimentou um conjunto de estampa tribal, completamente feliz, porque segundo ela, ficou maravilhoso. Foi jogando todas as roupas em cima de mim, enquanto eu dava minhas opiniões.

Quando ela comprou roupa suficientes para uma vida inteira, veio até mim e me entregou um conjunto de saia e cropped.

- Eu achei esse conjunto que milagrosamente é preto, e logo pensei em você. Experimenta. - Estava sorrindo de orelha a orelha.

- Primeiro, eu não uso só preto, então para de falar assim. E segundo, nem precisa.

- Precisa sim, senão vou me sentir ofendida. Vai logo, antes que eu te amarre e te jogue dentro desse provador. - Apesar da ameçaça ela estava sorrindo, o que foi ainda mais estranho. Não querendo discutir, entrei no provador e vesti as peças, que ficaram ótimas no meu corpo.

- Ai socorro, ficou incrível, My! - Ela colocou a mão na boca. - Vai, usa ele agora. Melhor que o uniforme da escola. - Eu sabia que não podia negar - ou ela me matava - então concordei e finalmente saímos da loja em direção ao meu querido McDonald's.

[...]

Eu sabia que Ana estava tagarelando sem parar, mas eu não conseguia focar na conversa, nem prestar atenção no porquê Daniel ria escandalosamente. Eu estava tensa. O motivo? Tinha a leve impressão de que estava sendo observada. Isso era tão ridículo e clichê que me faria rir, se eu não tivesse realmente com medo. Não sabia quem era exatamente, mas eu tinha aquela sensação. Pra mim tudo ali estava esquisito, e posso estar parecendo uma lunática, mas eu tinha certeza que alguém ali me observava.

- My, já estamos na sobremesa e você nem começou a sua. Melhor, você nem ao menos falou nada desde que chegamos. O que está acontecendo? - Ana perguntou, preocupada.

- Vocês... Vocês já tiveram a sensação de estarem sendo observados? - Murmurei, olhando para todos os lados. Caramba, estava me tornando uma maluca.

- O que? - Daniel nitidamente prendeu o riso, e eu olhei feio para ele.

- Eu não estou ficando doida, mas sei lá, só estou com essa sensação.

- Você falando assim até parece que a gente tá naqueles filmes de ação, que do nada vai chegar alguém atirando para todos os lados. - Meu amigo comentou despreocupadamente, tomando um gole do refrigerante e eu cerrei os olhos.

- Dá pra levar as coisas a sério dessa vez? - reclamei.

- Miley, não tem a menor possibilidade... Ana? - Ele dizia, e só então reparamos em Ana. Ela estava em silêncio enquanto eu a Daniel estávamos tendo uma discussão boba. Ela parecia estar nervosa, engolindo em seco com frequência. - Tá tudo bem?

- Não acho que a Miley esteja maluca. Mas, se ela tiver, eu também estou. Porque... - Ela custou falar, a voz fraca e trêmula. - Eu acho que vi o Erick. - Ah, claro. Quem mais poderia ser? Engoli em seco, olhando para Danny que estava confuso. Tinha medo do Erick. Todas ali na mesa tinha, pra falar verdade. 

- O que? - O garoto quase berrou. Eu percebi então que Ana estava bem nervosa mesmo, e fui até ela abraça-la de lado. - Para com isso! Você está falando sério? - Olhou para todos os lados, como se ele fosse encontrar o Erick distraidamente pedindo um McLanche Feliz.

- Vamos... Vamos embora. Agora. - A loira disse se repente, se levantando em um pulo. Eu fiquei meio confusa, mas decidi não dizer nada e fazer o que ela pedia. Cada um pagou o que comeu e eu e Danny acompanhamos Ana que saia do local à passos extremamente apressados. Quase correndo.

- Ana? Espera, por que está agindo assim? Você tem certeza que viu o Tur... 

- Miley! - Parou de andar subitamente, me interrompendo, a expressão nervosa. - Não vamos falar sobre isso, ok? Não quero falar sobre isso. Não quero ouvir o nome dele. Esses últimos tempos está sendo excelentes sem a presença dele, e eu não quero ter que relembrar essas coisas só porque tive impressão de vê-lo aqui. Erick não está aqui. Foi apenas uma impressão minha. - Voltou a andar. Eu engoli em seco. Devia mesmo parar com isso, a vida da Ana seguia ótima sem aquele idiota. Mas eu sabia que no fundo, bem no fundo mesmo ela estava meio triste por isso. Apesar de tudo, ela gostava do Erick. Talvez seja estranho, mas esse tempo com ele fez minha amiga começar a se sentir... atraída. 

- Vamos, My. - Daniel chamou minha atenção e eu voltei a caminhar, indo embora daquele shopping. Eu tentei me distrair, não querendo pensar sobre a ideia de estar sendo observada como antes. Porque ah, isso sim, na verdade, eu tinha certeza que estava.

[...]

Três dias depois.

 Sábado. Eu abri meus olhos e, como se meu cérebro realmente me odiasse, lembrou-me do que eu tinha que fazer hoje. Olhei o relógio, era 10 da manhã. Eu havia dormido cedo no dia anterior, porque meus pais chegaram e eu não queria vê-los, então dormir antes que os dois chegassem. E eles haviam vindo pra cá obviamente para o almoço de hoje, que íamos daqui uma hora e meia.

 Pra ser sincera, a minha vontade era fingir que estava com febre. Falar que estava bem mau mesmo, sem nem conseguir ficar com os olhos abertos, mas eu sabia que não funcionaria. Giselle provavelmente me obrigaria a ir, porque ela se importa muito com isso. Pra ter uma ideia, até Carlos, maior de idade e dono do próprio nariz, tinha que comparecer. Não me pergunte o porquê, que eu não sei. Deve ser maluquice deles.

 Depois de bufar e ficar alguns minutos no banheiro fazendo minha rotina de sempre, eu caminhei com preguiça até meu closet, morrendo de raiva do dia estúpido que viria. E numa tentativa de esquecer um pouco isso, me peguei pensando em Luke. Um sorriso fraco surgiu no meu rosto, ao relembrar. Desde que Logan havia beijado Victória, na quarta, a minha vida mudou um pouco. Não falo mais com Logan. Não tem mais provocações, sorrisos maliciosos da parte dele, nem más respostas da minha parte. Ele nem ao menos olha na minha cara mais, trocando toda hora de mensagem com aquela Victória e encontrando com ela todos os dias depois da aula. Já eu e Luke... Bem, não sei como explicar. Estávamos ficando. Todos os dias na hora do intervalo, íamos para trás da escola - porque geralmente não podia ficar beijando por aí, Will dizia que é proibido - e ficávamos beijando o tempo todo, até perder o fôlego. Não sei exatamente porque estávamos fazendo isso. Talvez porque me senti meio triste... Meio não. Totalmente triste por Henderson estar de envolvendo com aquela lá, e Hemmings de certa forma me consola. E eu gostava dele. 

 Pensar sobre isso, fez uma lâmpada acender na minha cabeça, anunciando que eu tinha uma ideia. Eu e Luke estávamos bem mais íntimos nos últimos dias, e eu pensei que... Caramba, era uma ideia maravilhosa! Ainda de pijama, corri até meu celular e disquei os números que já sabia de cor.

- My! - Disse, rindo um pouco. - Como vai, linda?

- Vou bem, Lukey. - Sorri, suspirando. - E você?

- Ótimo. Ainda mais agora. - Eu ri de leve.

- Então... Você vai fazer alguma coisa hoje? - Fui direto ao ponto, mordendo os lábios.

- Se estarei ocupado? Na verdade não. Ia passar o dia inteiro jogando videogame. Mas por que?

- Eu... - Respirei fundo, antes de falar. - Você poderia ir comigo em um almoço? Uma almoço de família.

- O que? - Ele riu. - Mas é claro! Até me sinto importante por estar sendo convidado para um almoço de família. Aí na sua casa, linda?

- Ér... não. Na casa do... Do Logan. É a minha família e a família dele. - Por vários segundos tudo ficou em silêncio. Luke não disse absolutamente nada, e eu fiquei esperando, apreensiva. Claro que talvez ele não aceitaria. Seria na casa do Henderson, mas eu não queria enfrentar tudo aquilo sozinha. Ele me ajudaria demais. Como sempre estava fazendo nos últimos dias.

- Miley... Na casa dele? Você sabe que Logan me odeia, eu acho que não me sentiria confortável lá.

- Eu sei Luke, mas eu também não queria ir! Eu odeio tudo aquilo! Só que, as coisas ultimamente ficaram bem mais intensas do que eu gostaria, e não sei se vou suportar o almoço inteiro sem estragar tudo! Eu só precisava que você fosse comigo para... Me ajudar. - Desabafei e ele demorou um pouco para responder, suspirando.

- Eu sempre tento te ajudar. E se você está pedindo minha ajuda, se quer que eu vá por nitidamente estar sofrendo por ter que ir sozinha, eu vou. Tudo bem, eu vou sim, Miley.

- Você está falando sério? - Sorri largamente.

- Mas é claro! Só me prometa que vai ficar feliz.

- Eu já estou feliz! - Gargalhei, mesmo que não houvesse nenhuma graça e o loiro me acompanhou. - Vamos pra lá 11h30m. Pode vim pra minha casa, nós vamos juntos no meu carro.

- Tudo bem, linda. Até lá então! - Nos despedimos e eu desliguei, sorrindo aliviada. Se eu era louca? Completamente. Chamei o pior inimigo de Logan para almoçar na casa dele. Mas, não importava. Eu precisava de alguém pra ficar comigo lá, e Lukey era a pessoa perfeita.

 Coloquei um short jeans qualquer e uma regata branca, descendo as escadas e encontrando meus pais na cozinha lendo jornal. 

- Só vim avisar que eu vou levar um amigo nesse almoço estúpido, ok? - Avisei, sem esperar respostas, e quando já estava indo embora, ouvi a voz de Giselle.

- O que? É um almoço em família, Miley. - Suspirou, cansada.

- Eu já estou sendo obrigada a ir nesse negócio, será que nem levar mais uma pessoa eu posso? O que mais vão me proibir? De respirar?

- E o Loggie? Ele é um bom menino, por que não faz amizade com ele? - Minha mãe perguntou e eu comecei a gargalhar descontroladamente. Eu ouvi aquilo mesmo?

- Primeiro, ele está bem longe de ser um bom menino. E segundo, eu odeio ele. Odeio. - Falei pausadamente. E aquilo era a mais pura verdade. Eu odeio ele. Odeio amar ele.

- E que amigo é esse? - Gusttavo perguntou, nem ao menos me olhando, interessado demais naquele maldito pedaço de papel.

- Vocês não conhecem. Ah, esqueci. Vocês não conhecem nada. Não sabem quem são meus amigos, os amigos de Carlos ou Tom. Não sabem minha comida preferida, porque nem ao menos fizeram questão de preparar alguma vez pra mim. Vocês nem ao menos me conhece. Não sabe de nada de mim, meus defeitos ou qualidades. - Falei, com uma certa dor no coração por dizer aquilo. É, aquilo doía. 

- Miley, não começa com... 

- Não. - Eu interrompi meu pai. E sabe o que era pior? É que durante todo aquele meu discurso ele nem ao menos parou de encarar o jornal, nem olhou nos meus olhos. 

- Estaremos te esperando às 11h20m. 

- Não vou com vocês. Vou com meu carro, junto com meu amigo. - Respondi seca, virando e saindo dali antes que explodisse.

[...]

- Tell me, tell me baby Why can't you leave me 'Cuz even though I shouldn't want it I gotta have it I want you-u-u! - Gritou fazendo uma voz afetada, bem fina e eu bati em seu braço, vermelha de tanto rir e não conseguir parar.

- Meu Deus, é Ariana Grande que está aqui sentada do meu lado nesse carro?! - Fingi surpresa e ele riu, continuando sua interpretação da música Problem, que tocava na rádio.

- Head in the clouds Got no weight on my shoulders I should be wiser And realize that I've got, One less problem without ya! - Lukey jogou as mãos para o alto, chamando minha atenção. - I got one less problem without ya! Vamos My! Canta essa para o Henderson! I got one less problem without ya! - Eu rolei os olhos e parei de rir um pouco quando o loiro disse isso. "Eu tenho um problema a menos sem você". Não, sem o Loggie eu não tinha um problema a menos. Pelo contrário, sem ele eu criei mais um milhão de problemas na minha vida.

 Eu continuei dirigindo com Luke interpretando Ariana Grande, Britney Spears, Beyoncé e mais outras mulheres que as músicas passavam pela rádio. Luke estava estranhamente animado.

 Paramos em frente a casa. A mesma casa enorme e branca, com o carro dos meus pais e de Carlos parados na frente, anunciando que ele já haviam chegado. Eu respirei profundamente, desligado o carro. Tudo ficou em silêncio e eu tentando criar uma coragem inexistente.

- Vamos lá, linda. Eu estou aqui com você, isso não será nenhum bicho de sete cabeças. - O loiro murmurou, me abraçando pela cintura. Eu nem entendia muito o que ele falava, estava pensando na última vez que botei os pés naquela casa. Na vez que minha gasolina acabou. E eu dormi lá. Tantas coisas aconteceram... - Está me ouvindo? Nada de fugir agora, vamos enfrentar.

- Claro, vamos sim. - Forcei um sorriso e finalmente saí do transe. Saí do meu carro, olhando pelo reflexo a minha aparência. 

Eu amava aquela roupa. Observei Luke vim ao meu encontro com um sorriso calmo. Vestia uma camisa preta e regata, calça preta e all star. Passou o braço por volta do meu pescoço e me deu um beijo na bochecha, me fazendo sorrir. Chegamos nos seguranças que nem perguntou nada sobre meu nome, simplesmente nos deixou passar. E foi só quando chegamos na porta da sala, que estava aberta e dava para escutar os risinhos de Nattalya e Giselle, que eu me arrepiei.

- My, para com isso. Aja normalmente. - Hemmings entrelaçou sua mão na minha e eu respirei fundo, assentindo. Demos os passos. Na sala estava Tio Michael e meu pai, conversando enquanto um jogo de futebol passava na televisão. Assim que o primeiro me viu, veio correndo e me deu um abraço que quase morri asfixiada.

- Miley!! Quanto tempo não te vejo! Desde daquela vez lá... Ah, preciso te contar. Pulei de paraquedas!

- E não morreu de infarto? - Fingi surpresa, rindo. Já disse que amo ele?

- Mas é claro que não, estou mais vivo que nunca! É uma maravilha, querida. Qualquer dia desses te busco lá na sua casa para pularmos de bungee jump! 

- Ah claro, tio. - Ri mais uma vez.

- E você? Espera eu conheço você... - Michael franziu a testa. - Você não é aquele amigo do meu filho? O... O Lu... Lu alguma alguma...

- Luke. Sim, sou eu mesmo, Sr. Henderson. - Ele sorriu, amigável. - Que bom te ver de novo.

- Luke, é claro! Caramba, quanto tempo! Por que que sumiu daqui de casa? - Os dois apertaram aos mãos, e eu apenas fiquei observando.

- An... Longa história, Michael. 

- Vocês dois se conhecem?

- Sim, somos amigos tio. - Sorri de lado e ele realmente pareceu feliz. Depois de ficar insistindo que parecíamos namorados e eu falar mil vezes que não, finalmente caminhamos para a cozinha. Minha mãe e Nattalya estavam perto do fogão, conversando sobre unhas. Eu revirei os olhos, e quando desviei para a mesa, vi a cena. Victória e Logan. Ele estava sentado e aquela vadia estava sentada o colo dele, rindo de alguma coisa que ele sussurrava em seu ouvido. Eu engoli em seco. Senti uma pontada forte no meu coração. Aquilo machucava demais. Foi quando fiz menção de ir embora que os dois perceberam a nossa presença. E eu fiquei um pouco sem ar. Os olhos de Logan correram de mim até Luke, e ele franziu a testa, trancando o maxilar. Victória olhou de Luke pra mim, com um olhar curioso, mas sinceramente eu não estava me importando com isso. Estava concentrada demais nas expressões que Henderson fazia e claro, morrendo de ódio por eles estarem tão íntimos. Mas talvez o que mais me preocupava era outra coisa. Eu já achava que seria terrivelmente difícil aquele jantar, imagina agora com Victória?

- O que você está fazendo aqui? - Logan rosnou, nitidamente cheio de ódio, olhando para Luke. E foi naquele momento que eu finalmente percebi a burrada que fiz ao ter chamado-o para vim para cá.

Continua. 

* A frase no início do capítulo é da música I Knew You Were Trouble, da Taylor Swift. A tradução: "E eu percebo que a culpa é minha".

Heeey divas, como estão?

Bom, eu disse que só ia postar esse capítulo quando escrevesse um pouco do próximo, mas olha só, não foi isso que aconteceu. Por que? Porque eu não tô com muitas ideeeeeias! :x Então gente, se vocês quiserem que o próximo capítulo saia rapidinho, pooooooooooor favor, deem suas sugestões!! O que vocês acham que vai acontecer, o que talvez vocês querem que aconteça... Se vai ter treta, se sei lá... Deixem suas opiniões que talvez possa me ajudar.

E até a próxima!! <3

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