"But all I feel is strange."
A frase ainda estava ali, impossível de saber quem escreveu naquele momento. A mesma frase que recebi naquele telefonema anônimo... Quando me disseram aquilo no telefone, eu não levei muito a sério assim, pois podia ser um trote ou alguma brincadeirinha sem graça. Mas, agora isso tudo confirmava que não era uma brincadeira. Aquilo era sério. Afinal, que tipo de pessoa conseguiria entrar na minha casa passando pelos seguranças, dentro do meu quarto e escrever aquilo no espelho do meu banheiro? Era ameaçador.
- Quem fez isso? - Kendall perguntou, quebrando o silêncio.
- Eu não faço ideia... Mas... Não é a primeira vez...
- Não é a primeira vez que um desconhecido escreve coisas bizarras no espelho do seu banheiro? - Ele franziu a testa e eu rolei os olhos.
- Não estou falando disso. Acontece que, um tempo atrás alguém me disse essa frase em um telefonema anônimo. Mas eu pensei que, sei lá, era uma brincadeira de mal gosto.
- Isso não me parece brincadeira. - Ana engoliu em seco. - E me deu medo.
- Quando você voltou da escola, veio aqui no banheiro? O espelho estava normal?
- Não vim, Kendall. Eu fiquei o tempo todo lá embaixo, mais na sala. Eu não vim pro meu banheiro hoje, só de manhã antes da escola.
- Então alguém escreveu essa porra depois disso.
- Pode ter sido uma brincadeira do Carlos?
- Não, Ana. - Schmidt respondeu por mim. - Ele é meio pirado, mas não chega a esse ponto jamais. - Virou-se para mim. - Desse telefonema que você falou, contou para o teu irmão?
- Não.
- Precisamos contar disso.
- O que? - Aumentei um pouco meu tom de voz. - Você conhece o Carlos, Kendall, ele vai começar a pensar mil e uma coisas. Daqui a pouco vai colocar até segurança pra me seguir!
- Mas merda Miley, isso não é normal! Olha só cara, isso é uma ameaça! - O loiro gritou, apontando para o espelho. - Eu não sou de sentir medo dessas coisas, não sou mesmo. Mas fazer uma ameaça a você? Por que? Não tô entendendo nada!
- Você desconfia de quem possa ter escrito isso? - Ana perguntou para Kends.
- Claro que não... Eu nem ao menos sei o que isso significa. - Ele bufou, se direcionando para mim. - Eu vou falar com seu irmão sobre isso, My.
Kendall saiu do quarto e eu continuei encarando o espelho com aquelas palavras escritas com meu batom favorito. Poderia impedi-lo de ir falar com meu irmão, mas eu concordava em contar à ele. Aquilo tinha passado dos limites, eu estava com medo, e Carlos podia ajudar muito em descobrir quem era esse otário.
- Isso é muito estranho, My. Eu... Eu tô meio chocada, porque... Nunca aconteceu nada disso e do nada... - Ana estava meio sem palavras, gaguejando atrás de mim.
- Eu também...
- Por que não conta para os seus pais?
- Tá maluca? - Virei-me para ela, encarando-a com a testa franzida. Ana olhava para mim, um pouco mais pálida que o normal.
- Sério. Eles são os donos dessa casa, eles que escolheram os seguranças e tudo mais...
- Acontece que se eu ligar e falar sobre isso, eles vão se preocupar por no máximo cinco segundos, e depois dizer que isso só pode ter sido brincadeira de alguém, porque os seguranças são de muita confiança e blablablá... - Interrompi-a, rolando os olhos. - Eu conheço eles. Não vai passar disso.
- Mas isso é uma ameaça My, você acha mesmo que eles vão fingir que nada aconteceu?
- Tenho certeza. Eles confiam demais na segurança da casa.
- Caralho, você só pode tá brincando! - Ouvi Carlos gritar, e em seguida, a porta do meu quarto foi aberta com muita força, revelando meu irmão e todos os garotos seguindo-o. Ele estava irado, o que já era de se esperar. - Me explica essa história, Miley.
- Carlos, eu não vim no meu banheiro hoje depois que cheguei da escola, daí o Kendall foi ir agora e achou isso. O espelho tá escrito com o meu batom uma frase muito idiota, mas sei lá...
- Isso soa como uma ameaça. - Kendall completou minha fala e meu irmão entrou no banheiro. Assim que se deparou com a situação, ele paralisou. Ficou encarando o espelho por um bom tempo, com a testa franzida.
- Que porra que é essa. - Sussurrou, olhando tudo ao redor.
- Deixa eu ver. - Logan disse e entrou no banheiro também. Sua reação foi bem parecida com a de Los, mas diferentemente dele, Henderson olhou aquilo só por uns segundos, com o maxilar travado, e saiu do banheiro, indo sentar-se na minha cama. Logan tava na minha cama. Por que será que eu tô pensando nisso quando devia estar com medo?
- Já aconteceu coisa parecida aqui? - Kendall perguntou.
- Óbvio que não. Você acha que eu tenho costume de ir no meu banheiro e ver coisas ameaçadores escrito por sabe-se lá quem no meu espelho? - Respondi ironicamente.
- Cara, eu não tô entendendo. Nada do tipo nunca aconteceu, porque... Pô, tem seguranças pra toda parte nessa porra de casa! - Carlos gritou.
- Eu... Eu não estou me sentindo bem. - Ana sussurrou enquanto ficava cada vez mais pálida e bamba, já ia cair no chão quando James conseguiu pegá-la no colo. Nem tinha percebido que ele estava ali.
- Eu vou levá-la para baixo.
- Tem remédio na cozinha. Cuide dela, Jay.
- Pode deixar, My. - Os dois desceram.
- Preciso falar com os seguranças. Alguém entrou nessa casa, e a função deles aqui é não deixar isso acontecer. - Carlos disse, nervoso.
- Eu concordo, Carlos.
- Vou reuni-los, agora. - Meu irmão desceu as escadas, Kendall, Logan e eu o seguimos. Passamos pela sala, James estava com Ana, que tomava água. Sentei-me ao lado dela.
- Você tá bem, loira?
- Tô sim... Minha pressão caiu só, e eu estou com um pouco de dor de cabeça... Isso tudo me assustou um pouco.
- Olha, se você quiser deitar um pouco... Talvez não tenha como ser no meu quarto, mas se quiser deitar-se no quarto do Carlos para dormir... Ou do Tom, já que ele saiu.
- Posso dormir um pouco no do Tom? Lá é... aconchegante. - Ela riu fraco.
- Claro que pode.
- Mas Miley, se acontecer alguma coisa... Se quiser conversar, porque eu sei que você tá meio assustada com isso, pode me chamar tá? Pode me acordar e a gente conversa. Só vou dormir porque tô com dor de cabeça mesmo...
- Ana, qualquer coisa eu te chamo sim. E se você precisar de alguma coisa, me chama. Agora vai lá. Jay, leva ela? Preciso ir junto com os meninos resolver as coisas.
- Vou ficar lá no quarto com ela. Maninha, vamos. - Jay ajudou Ana a se levantar e eles subiram as escadas novamente, enquanto eu suspirava. Tomara que ela fique bem.
Fui até o jardim, onde os meninos estavam e fui na direção dos três. Eles conversavam, baixinho.
- Você vai conversar com eles, Carlos? - Perguntei, apontando discretamente para os seguranças da entrada.
- Vou. - E dizendo isso, meu irmão foi na direção dos seguranças do portão principal da minha casa, onde ficava três deles.
- André. Me faça um favor. Reúna agora todos os seguranças dessa casa, exatamente todos. Agora. Estarei esperando por vocês na área da piscina.
- Claro. - André respondeu um pouco confuso e foi chamando os seguranças por aqueles rádios que eles usavam... Não sei o nome daquilo. Fui com os meninos para onde meu irmão mais velho havia dito, na onde ficava a piscina. Lá havia vários banquinhos e coisas do tipo e, depois de uns dez minutos, já estavam todos os seguranças da casa lá. Não eram poucos, mas também não eram muitos. E claro, todos escolhidos pelos meus pais, então quase todos eu não conhecia direito, e tinha que confiar. Como confiar tanto em pessoas que você não conhece?
- Olha, eu queria fazer essa reunião de emergência porque aconteceu uma coisa que eu realmente não estou acreditando. No banheiro do quarto da minha irmã, a Miley, foi achado uma frase de ameaça escrita no espelho dela. Uma porra de uma frase ameaçadora que eu não faço ideia de quem foi o otário que escreveu. Não fui eu, não foi ela, e muito menos o Tom, que nem está sabendo dessa história. Não foi nenhum de nós, e adivinha só quem sobra nessa história toda que tem livre acesso na nossa casa? Vocês. - Carlos fez uma pausa, respirando fundo. Ele realmente estava bravo. - Não estou acusando ninguém, nem dizendo que foi algum de vocês, porque não tenho provas. Mas, mesmo não sendo ninguém, vocês me devem satisfação. Afinal, quem é que cuida da segurança dessa casa?! Quem foi contratado e ganha salário todo mês para dar segurança? Vocês. Então, eu realmente quero saber que porra é essa que tá acontecendo.
Havia seguranças com caras assustadas, outros com cara de que não era com eles, ou de inocentes. Alguns suspiraram, mas ninguém disse absolutamente nada. Aquele silêncio me incomodava, porque se ninguém disse nada é porque não viram nada suspeito. E, isso assustava. Olhei para Carlos, que olhou para Logan, e eu sabia o que significava aquele olhar. Era como se ele tivesse pedindo que Logan o ajudasse.
- Que silêncio constrangedor, né? - Henderson nunca deixava escapar a sua ironia, e naquela situação eu até gostava de vê-lo irônico. - Ninguém aqui diz nada... E eu não estou entendendo isso, porque está tão óbvio que as coisas não estão normais por aqui. Porque, se aconteceu isso, ou alguém entrou na casa, ou foi algum de vocês...
- Senhor Henderson, nós não vimos nenhum movimento estranho nos últimos dias. Está tudo normal, deixamos entrar apenas quem os donos da casa permitem, e fora isso não houve mais nenhum desconhecido nessa residência.
- Ah, é? Então como será que apareceu aquela frase no espelho dela? Vai me dizer que ela brotou lá do nada? - Logan aumentou seu tom de voz, chegando mais perto deles.
- Não senhor. Eu só o estou informando que...
- Eu já entendi, Matheus. - Ele disse, cortando Matheus, um dos seguranças principais. - Então tá. Já que você disse que ninguém de diferente entrou aqui, o que eu realmente espero que seja verdade, quem mais poderia ser? Um de vocês, não?
- Nós somos muitos unidos e de confiança senhor, trabalhamos aqui já faz tempo e não temos motivo nenhum para fazer essas coisas.
- Então como você me explica aquela porra de escrita?
- Eu não faço ideia. - Matheus respondeu de cabeça baixa e Logan bufou, indo até Carlos.
- Eles não vão abrir a boca. Dispensa-os. - Assim como Henderson havia dito, Carlos os dispensou, deixando novamente apenas nós ali. Eu fiquei meio impressionada, Logan era bom nessas coisas. Apesar de não obter sucesso, ele conseguia botar pressão.
- Mandar eles voltarem se a gente não descobriu nada? - Carlos perguntou.
- Eles não iam falar nada, nós íamos ficar aqui o dia todo e ninguém ia abrir a boca.
- E o que nós vamos fazer? - Perguntei.
- Primeiro, coloque na cabeça que vocês não podem mais confiar tanto assim neles. Claro, pode ser que eles estejam falando a verdade, não é ninguém e eles não viram suspeitos, mas também pode ser mentira. Vamos cogitar as duas hipóteses.
- Vou demiti-los.
- Claro que não, Jones. Se é ruim com eles, é pior ainda sem eles. - Logan bufou. - Eu vou dormir aqui essa noite. Amanhã cedo vou pra escola normalmente, mas eu realmente quero ficar aqui.
- Também vou. - Kendall se manifestou e meu irmão assentiu rapidamente.
- Claro.
[...]
Era cerca de 7 horas da noite, e minha cabeça latejava. Estava deitada na minha cama, quase morrendo de dor, e a música calma e baixinha não adiantava em nada em relação à calma. Eu estava nervosa, com medo e cansada. Ficamos o dia todo tentando descobrir alguma coisa de tudo aquilo, inclusive, ninguém apagou a frase no espelho. Carlos estava cogitando a possibilidade de chamar a polícia. Porque, convenhamos, o que você faria se um belo dia chegasse no seu banheiro e vesse uma frase ameaçadora no seu espelho? Era uma sensação muita estranha, como se você sempre tivesse sido observada.
Logan, Kendall e Carlos estavam na sala, conversando e assistindo algum filme. Ana não havia melhorado, e depois deu muito insistir e dizer que estava tudo bem, ela resolveu ir embora para casa, acompanhada de Jay, que desejou boa sorte. Tom ficou sabendo de tudo e ficou nervoso com os seguranças, tanto que custei convencê-lo de não dar um soco na cara de André. Tom queria muito fazer isso. Mas as coisas estavam mais tranquilas comparadas à hoje mais cedo, quando os meninos estavam realmente revoltados. Só depois que cada um foi para a sua casa, pegar algumas coisas já que dormiriam aqui, foi que se acalmaram um pouco.
E em todo esse tempo, Logan nem olhou na minha cara direito.
Dizia apenas o necessário comigo, nunca olhava diretamente nos meus olhos, não fazia nenhuma gracinha ou brincadeira, nenhuma vez seu sorriso foi direcionado na minha direção. Eu fiquei extremamente angustiada, algumas vezes até tive vontade de gritar com ele e mandá-lo parar com isso. Era horrível não ter a atenção que antes eu tinha vindo dele.
Eu até tentei puxar papo, perguntando se ele estava bem - pergunta idiota, eu sei - mas ele sempre cortava. Até que eu desisti. Mas não deixava de me sentir triste, porque Logan estava comprovando cada vez mais que estava falando muito sério, que não ia ter "recaídas" dessa vez. Mas claro, eu também não dei o braço a torcer. Não ia sair implorando para que ele me desse atenção, eu sou trouxa mas nem tanto, né? Eu não perderia a minha dignidade.
Meu celular então, começou a tocar interrompendo os meus pensamentos, e eu li no visor que era Luke.
- Oi My, que saudades. - Sua voz estava um pouco mais baixa do que o normal, até um pouco sonolenta.
- Oi, amor. Saudades? A gente se viu hoje de manhã. - Ri.
- Mas acontece que você sumiu por algum motivo que eu não sei... Eu te procurei mas não achei, liguei para o seu celular e só dava caixa postal.
- Desculpa... Eu devia ter avisado né, mas é que eu estava com muita cólica, você sabe, coisa de mulher. Não tava aguentando mesmo e pedi para ir embora. - Menti a primeira coisa que me veio na cabeça.
- E por que não me avisou? Sério, fiquei preocupado.
- Eu sei que devia ter avisado... Mas eu nem tava pensando direito. Desculpa, Lukey. - Aquele pedido de desculpas era sincero.
- Tudo bem, meu amor. Então, mas agora você está bem?
- Estou sim. Tomei remédio logo depois que cheguei em casa e já melhorei bastante.
- Que ótimo, essas cólicas devem ser horríveis... Deve ser uma amostra grátis de um parto né?
- É, tipo isso. - Ri e ele me acompanhou, baixinho.
- Eu gosto de ser homem.
- Ser mulher é bem foda, mas eu prefiro. - Entortei a boca, e ele riu fraco.
- Vocês são fodas. - Ficamos um tempo em silêncio. Não era aquele silêncio constrangedor, que você ficava maluca para alguém puxar assunto. Era um silêncio até bom. - O que você está fazendo, minha linda?
- Estou deitada aqui no meu quarto, escutando música. Tô morrendo de tédio. E você?
- Acabei de acordar, tava assistindo Invocação do Mal e acabei pegando no sono.
- Não sei como alguém consegue pegar no sono assistindo Invocação do Mal. - Ri fraco.
- Aquele filme não dá medo! Foi como se eu estivesse assistindo desenho animado, My.
- Também não é pra tanto, amor!
- É sério! - Nós rimos. - Muito chato, estou decepcionado.
- Vou levar uns filmes aqui para você assistir, quero ver você dormir de novo.
- Não é uma má ideia. Por que não aproveita e vem junto assistir comigo?
- Hoje?
- Bom, eu queria que fosse, né. Quero muito te ver. Mas se não der, combinamos um dia direitinho. - Até pensei em aceitar o convite, mas não dava pra isso acontecer. Os meninos ainda estavam aqui, e nunca que deixariam eu sair, por causa de aquilo tudo. Eu tinha certeza que Carlos ia ficar paranoico enquanto não descobrisse quem fez aquilo, e faria mó cena se descobrisse que eu queria sair.
- Hoje não dá, Lukey... Meu irmão está meio estressado, prefiro não estressa-lo mais. Podemos combinar outro dia? Final de semana é bem melhor.
- Daí você aproveita e dorme aqui em casa, né? - O loiro perguntou, animado.
- Sim. Aproveito e faço umas receitas de doce que eu aprendi.
- Ei, quem é o cozinheiro aqui mesmo? Sou eu que cozinho, você nem sabe fazer nada! - Ele brincou, rindo.
- Quem disse? - Gargalhei. - Você que pensa meu bem, eu estou aprendendo.
- Sério?
- Muito sério.
- Olha só. - Ouvi barulho de palmas. - Então você vai cozinhar pra mim da próxima vez, enquanto eu ficarei sentado bonitinho no sofá esperando. Fechado?
- Fechado! Vou calar a sua boca, Lukey.
- Hum, quero só ver. - Rimos. Ficamos mais alguns minutos conversando até que ouvi um barulho vindo da minha varanda. Não era um barulho normal, como se fosse o vento ou algo do tipo, e sim como se alguém tivesse lá.
Como essas coisas anormais sempre anda acontecendo por aqui, eu não fiquei tão assustada, mas foi suficiente para mim desligar o celular - despedindo de Luke antes, óbvio -, pegando um objeto do meu quarto para poder me defender - caso realmente houvesse alguém - e indo aos poucos para a minha varanda. Fui lentamente abrindo a porta, tudo bem devagar. Contei até três e abri com tudo a cortina, tendo finalmente a visão. Eu tava ficando maluca. Não tinha nada. Bufei e comecei a revirar os olhos, já pensou se tivesse alguém ali comigo no quarto? Ia achar que eu tinha problemas mentais, porque né.
Olhei para o céu, a lua estava linda. Era noite de lua cheia, e eu sempre fui apaixonada por essa fase. Diferentemente de Tom, quando ele era mais novo, tinha uns 6 anos, achava que se vesse a lua cheia iria virar lobisomem. Eu achei aquilo tão bizarro que comecei a zoar ele. Meu irmão tem um pouco de trauma até hoje disso.
Fui até a minha varanda, e olhando para baixo, encontrei um papel branco dobrado. Passaria despercebido sobre os meus olhos, se ele não desse contraste com o piso, que era escuro. Peguei o papel com a testa franzida, imaginando mil e uma coisas que poderia estar escrito ali. Ou até mesmo que poderia ser um papel em branco que por alguma coincidência estava ali, sem importância.
Mas o papel não estava em branco.
Reli aquilo umas cinco vezes, tentando entender o que estava escrito. Na verdade, era bem fácil de entender. Mas era um pouco... estranho. Não dava exatamente para distinguir de quem era aquela letra, porque assim como naqueles filmes, a mensagem estava escrita com recortes de letras de revistas, em diferente tamanhos e formas. Mas, aquilo não era ameaças nem nada do tipo. Na verdade, era até algo que podia ajudar. Uma tentativa de ajuda.
"Senhorita Jones, eu gostaria de fazer uma denuncia anônima. Flavio é o culpado do episódio ocorrido mais cedo."
Apenas duas frases, que me deram um pontada na cabeça. Como assim ele é o culpado? Flavio? Ele é um dos melhores seguranças daqui, um dos que está conosco a mais tempo. Caralho, é o que eu tenho mais afinidade! O que eu mais conversava, que eu mais confiava! E quem escreveu esse bilhete? Acho que foi outro segurança, porque me chamou de senhorita Jones, assim como todos eles me chamam as vezes. E como ele sabe? Pode ser mentira... Mas se for verdade? E se for mentira e isso só está servindo para confundir minhas cabeça? Porra.
Aquilo tudo estava estranho demais, vago demais.
E eu não sabia o que fazer.
[...]
Deitada na minha cama por cerca de vinte minutos, eu olhava para o teto enquanto não parava de pensar um segundo sequer. E eu até tinha chegado em uma conclusão: Não devia ficar parada ali. Eu ia conversar com Flavio, ia questioná-lo e tudo mais... Aquela denuncia podia ser mentira? Claro que podia. Mas também podia ser verdade. E se fosse, eu não tinha tempo a perder.
Levantei-me da minha cama com pressa, saindo do quarto e descendo as escadas bem devagar, para não chamar atenção. Carlos, Kendall e Tom estavam na cozinha, rindo e conversando sobre algo, enquanto faziam a janta. Dava para escutar do final da escada as risadas e o barulho de algo sendo fritado no fogão. E somente Logan estava na sala, a luz apagada, assistindo televisão. Ele estava deitado no sofá, bem concentrado no que assistia, e não percebendo que eu me aproximava cada vez mais dele. Respirando fundo e agradecendo muito, consegui sair para fora da casa sem que ninguém percebesse, pela porta principal.
Os seguranças ficavam na frente, como eu já havia dito, os principais ficavam na porta principal. E era lá que Flavio estava, eu podia vê-lo já. Estava olhando para o nada, sem nenhuma expressão aparente no rosto.
- Oi, Flavio. - Minha voz estava fria. Ele se levantou rapidamente, abrindo um sorriso.
- Olá, Miley! Quanta tempo a gente não conversa, meu Deus... Como você está?
- Estou péssima.
- Por que? - Franziu as sobrancelhas.
- Precisamos conversar. - Eu estava com uma postura bem autoritária, coisa que eu nunca fiz com ele, por isso Flavio estava bem confuso. Apenas assentiu sem opção de negar, e me seguiu até uma área um pouco perto da porta central, mas longe dos outros seguranças, que fingiam que não estavam percebendo.
- O que aconteceu, Miley?
- Eu recebi esse papel. - Entreguei o bilhete. - Sobre o ocorrido de hoje mais cedo, sobre meu espelho estar manchado e tudo mais. Essa denuncia disse que foi você.
- O que? Mais que absurdo! Você não pode acreditar nisso Miley, como você pode ter pensado que realmente podia ter sido eu?
- Eu estou considerando todas as possibilidades. Eu sei que somos próximos, mas... Eu realmente estou com medo disso, e se recebi esse bilhete anônimo, por mais que tem muitas chances de ser mentira, não pode passar despercebido. - Minha voz se tornou menos fria, e mais desesperada.
- Eu não sei quem foi o idiota que me acusou, mas Miley, você não pode acreditar nisso cara, por que eu faria alguma coisa do tipo? Eu nunca faria NADA contra você! E nem ninguém! - Ele gesticulava com desespero, aumentando seu tom de voz.
- E por que essa pessoa acusou logo você?
- Eu não faço a mínima ideia!
- Eu não quero ter que pensar em você como um suspeito Flavio, mas eu não tenho outra escolha! - Joguei minhas mãos para cima, e senti alguém puxando o bilhete da minha mão. Virei-me para trás rapidamente, e arregalei completamente meus olhos quando vi que era Logan. Como... Ai meu Deus, que confusão.
Ele pegou o bilhete e leu-o despreocupadamente, franzindo um pouco a testa.
- Então você é o otário que teve a infeliz ideia de escrever ameaças no espelho da Miley? - Logan perguntou para ele, completamente irônico. Mas aquela ironia só servia para esconder a imensa raiva que ele sentia. Eu podia perceber.
- Não é bem assim, Logan. - Falei, suspirando. - Aliás, como você sabia que eu tava aqui?
- Você acha que eu sou idiota, Miley? Eu vi você saindo pela porta, não foi nem um pouco discreto.
- O que? - Fiquei boquiaberta. - Mas eu não fiz um mínimo barulho!
- Você que pensa. - Ele rebateu, ríspido. - Qual o seu nome? - Direcionou-se novamente para Flavio, encerrando aquele assunto.
- Flavio. Mas, vocês estão cometendo um engano terrível, eu não...
- Ah, por favor, me poupe dessa parte clichê. - Henderson revirou os olhos. - Quando você recebeu esse papel, Jones?
- Agora, alguém entrou na minha varanda e deixou esse bilhete no chão.
- Pode ter sido qualquer um Miley, pode até ter sido algum segurança que por algum motivo não vai muito com a minha cara e resolveu colocar a culpa em mim!
- Flavio...
- Sério Miley, somos até próximos, trabalho aqui a tanto tempo, por qual motivo eu faria uma coisa dessas?
- Você que tem que me responder!
- Seja quem for, não falaria que você é o culpado atoa. Alguma coisa tem aí. E eu quero que você me fale agora.
- Eu não sei de nada, senhor Henderson.
- Olha cara... - Logan estava impaciente, massageando suas têmporas. Eu apenas observava. - Eu não estou estressado. Estou calmo, calmo demais... E eu acho que você não vai querer me ver nervoso. Então, abre a boca logo e fala a verdade.
- Já estou dizendo a verdade!
- Quem é o filho da puta por trás disso, hein? - Ele ficou nervoso, pegando Flavio pela gola de sua camisa social, me assustando um pouco pela brutalidade. O segurança arregalou os olhos, engolindo em seco enquanto tentava, em vão, tirar as mãos de Henderson dele.
- Eu não sei...
- Flavio, vamos! Abre essa boca, você não tem mais opções! Eu sei que não é necessariamente você o principal, eu sei que tem alguém por trás disso. Me diz quem é! - Deu um soco rápido na cara de Flavio, fazendo-o gemer de dor.
- Logan, acalme-se, as vezes ele esteja falando a verdade e não tem nada a ver com isso...
- Miley pelo amor de Deus, não caia no papinho dele! - O moreno bufou, dando agora um chute nas pernas do segurança. Jogou-o no chão e deu outros chutes, me fazendo apertar seu braço para que ele parasse. E assim ele fez.
- Eu não tenho toda a paciência do mundo, idiota.
- Eu não... - Flavio tinha dificuldade de falar, sua boca sangrava e ele respirava freneticamente. Olhou-me de um jeito cheio de significado, eu podia sentir. Respirou fundo, abaixou a cabeça e fitou-me de novo, dessa vez era quase... Como se ele me pedisse desculpas.
- Vai falar agora ou não?
- Henderson... Eu não... Eu...
- Flavio, foi realmente você que fez aquilo no meu espelho? - Perguntei calma, me aguachando para ficar na sua altura. Ele fechou os olhos com força, mas permaneceu em silêncio. Logan deu outro chute, e ele caiu completamente no chão, de barriga para baixo.
- Foi...
- Foi você?! - Perguntei novamente, chocada. Flavio? Logo ele, o segurança que eu mais conversava e tinha confiança? Eu não estava acreditando. Por que ele faria uma ameaça para mim?
- Miley... Me mandaram fazer isso... - Sua boca não parava de sangrar, sua voz estava falha. - Eu não queria, eu... Eu nunca quis, mas eu precisava fazer o que me mandavam...
- Quem te mandou fazer isso?
- Não posso falar, Logan...
- Responda. - Loggie batia nele cada vez mais. Eu estava assustada demais com tudo para mandar ele parar de espancá-lo.
- Eu não posso, se eu disser quem é, ele mata... Ele me mata, mata ela...
- Ela?
- Minha namorada. Ele nos ameaçou...
- E você obedeceu por causa disso?
- Sim.
Logan me olhou, eu retribui o olhar. Meus olhos estavam marejados. Como assim "ele" mandou fazer aquilo? De quem Flavio estava falando? Tinha alguém esse tempo todo querendo me ameaçar, fazer algo e eu não sabia? Meu Deus.
- Olha Flavio, eu vou lhe dizer só mais uma coisa. - Logan disse, se abaixando para olhar em seus olhos. - Saia dessa casa imediatamente. Nunca mais ouse colocar um pé aqui, ou você tá ferrado. Diga pra esse otário que eu vou descobrir quem é, e quando isso acontecer, não vou medir esforços para ser gentil. Saia daqui agora, e fecha essa sua boca. Entendeu?
- Entendi, entendi... - Flavio levantou com dificuldade, o mais rápido que conseguia, limpando um pouco do sangue e tossindo. - Desculpa. - Foi a última coisa que ele sussurrou para mim, indo correndo o máximo que conseguia para longe, pegando suas coisas e indo até seu carro.
Eu continuei no chão, paralisada. Não estava acreditando em tudo aquilo. Imagina só, você tendo sua vida normal e de repente descobre essas coisas? Descobre que seu amigo - porque sim, Flavio era um amigo - fez um favor para sabe-se lá quem, que com toda clareza quer alguma coisa de você? E não era coisa boa, longe disso.
- Não fica assustada. E não conte para ninguém. É como se isso nunca tivesse acontecido, tá? Não precisa se preocupar Miley, não vai acontecer nada com nenhum de vocês. Eu não vou deixar. - Logan sussurrou na minha frente, olhando fundo nos meus olhos. Eu assenti levemente com a cabeça, e então, ele me ajudou a levantar. Fomos para dentro da casa - onde os meninos ainda riam e faziam a janta - e não conversemos mais. Mas nada impediu daquilo tudo rodar minha cabeça a noite inteira.
Continua.
* A frase no início do capítulo é da música Strange, do Tokio Hotel. A tradução é "Mas tudo que eu sinto é estranho".
Oooooooi girls! Tudo bom com vocês?
Bom, esse capítulo ficou bem grande né, não está pequeno não. Os próximos capítulos estão planejados para serem bem grandes também, ok? Espero que gostem disso.
Todo mundo pensando que já íamos descobrir quem era e tudo mais, né? Bommm, não descobriram o principal, mas esse capítulo já deu algumas boas informações, né? Espero que tenham gostado.
Comeeeentem, por favor amores! O capítulo anterior teve apenas 2 comentários, até entendi, porque demorei muito para postá-lo e tudo mais... Mas eu queria muito que vocês comentassem o que estão achando da fic por favor, o que acharam do cap e suas teorias. Eu amo ler, respondo tudo. Então não me deixem aqui no vácuo com sensação que estou postando fanfic para as paredes HUEEUHE.
Um grande beijo,
Gih.
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Meu Deus! Ta perfeito! Parabeeeeens!!!
ResponderExcluirE eu ainda sigo na teoria de que tudo isso tem a ver com o Erick e com o Luke huehuehuehuehue
hahahaha 90% de vocês pensam do mesmo jeito! Espero que leia o próximo capítulo e goste, linda ♥
ExcluirEsse capitulo ficou muito,muito bom,e eu concordo com a Gabii tbm acho que o Luke e o Erick tenha alguma coisa com essas ameaças.Todas essa coisas só aconteceram antes ou depois da Miley ter falado com o Luke algo me diz que ele tem alguma coisa com isso.
ResponderExcluirObrigada, Iris, por tudo! Todas vocês desconfiam deles hahahaha. Entendo.
ExcluirContinua por favor, ta perfeito ♡♡♡
ResponderExcluirNão demora pfvr !!
Já continuei faz tempo, linda ♥ Espero que goste e comente!
ExcluirP.S.: Ignora de vc já leu o proximo cap heiuheuehe
Tenho certeza que foi o Luke a pedido do Erick, como as meninas disseram!!!!!!!!
ResponderExcluirEnfim, tô com medo (kkkkkkkk mentira) tá incrível, fodastico continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa tipo AGORA♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥
Beijos infinitos ♥♡♥♡♥♡♥♡♥
hahahaha todas vocês acham isso, vamos ver hahahaha Obrigaaaaada linda, por tudo ♥ Já leu o próximo cap? se não, espero que goste. se sim, obrigada hahahha bjooos
ExcluirObrigada linda ♥ Já continuei, espero que goste!
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